A mineração indevida e ilegal de ouro ao longo dos rios Uraricoera, Parima, Mucajaí e Couto de Magalhães, dentro da reserva indígena Yanomami é um dos principais fatores da tragédia humanitária registrada no início desse ano no território de Roraima.
A presença ostensiva de balsas, de maquinários e voadeiras, contaminação das águas por mercúrio e extração das árvores em larga escala, são alguns dos fatores que levam à morte de populações nativas e pulverização gradativa do bioma amazônico.
Em Rondônia a situação não é diferente, um estudo realizado pelo Setor Técnico Científico da Polícia Federal constatou índices alarmantes de mercúrio na água do rio Madeira, o suficiente para doenças degenerativas como câncer à comunidade que bebe da água e consome o peixe vindo do Madeira.
Ribeirinhos que viviam às margens do rio Madeira tiveram fios de cabelos coletados e ficou comprovado concentrações de mercúrio acima dos limites considerados admissíveis pela Organização Mundial da Saúde – OMS.
Porém, em seu primeiro discurso na tribuna da Câmara Federal, a deputada Cristiane Lopes (UB), deixou claro que irá defender a permanência dos garimpeiros nessas regiões, propondo apenas uma regulamentação de impostos, sem momento algum tocar no assunto relacionado a preservação do bioma amazônico ou a questão de saúde pública.
“Precisamos pensar, Presidente e nobres pares, em uma regulamentação para que os impostos gerados com o garimpo contribuam com o nosso País. Não podemos aceitar exploradores de outros países aqui no Brasil. Agora, os nossos brasileiros que atuam lá no garimpo precisam ser respeitados”, disse Cristiane Lopes.
Mostrando um discurso populista e sem apresentar qualquer ponto de vista realmente efetivo para solucionar o problema, Cristiane pediu respeito aos garimpeiros e afirmou ser uma filha do garimpo.
“Eu sou filha do garimpo. Na década de 80, a minha família, o meu pai, foi do Piauí para o Estado de Rondônia, assim como tantas outras pessoas que foram para Rondônia convidadas desde a década de 70 para ocupar as regiões do Estado de Rondônia, fortalecendo a cultura e trabalhando no comércio e também na área do garimpo”, afirmou Cristiane Lopes.
Complexo, a situação do garimpo ilegal na Amazônia precisa ir além do populismo de políticos que sobem no palanque para jogar para a plateia. Um programa de remanejo ambiental, ações sociais, compensações no setor da saúde e principalmente modernização dos métodos de extração são pontos não citados pela deputada auto titulada “filha do garimpo”.