1ª PESSOA
O Tribunal Superior do Trabalho (TST), que desde 2022 se autointitula “o tribunal da Justiça Social”, parece ter adotado um conceito bastante peculiar de justiça: o da justiça para poucos — muito poucos.
LUXO
Em menos de uma semana, duas notícias revelam um cenário de ostentação incompatível com o discurso institucional de contenção e responsabilidade.
LUXO 2
Primeiro, veio à tona a contratação de uma sala VIP exclusiva no aeroporto de Brasília, ao custo de R$ 1,5 milhão por dois anos, destinada apenas aos ministros da Corte.
LUXO 3
Agora, o país descobre que o TST acaba de adquirir 30 veículos de luxo da marca Lexus para transportar seus integrantes.
LUXO 4
Cada unidade do modelo ES 300H — um sedã híbrido com motor 2.5 a combustão somado a um elétrico, totalizando 211 cavalos de potência — custou R$ 346,5 mil.
BAGATELA
A conta final chegou a impressionantes R$ 10,39 milhões, pagos com dinheiro público.
EQUILÍBRIO?
É irônico e perturbador que um tribunal do trabalho, cuja missão deveria ser zelar pela dignidade e equilíbrio nas relações laborais, opte por gastar cifras milionárias em mordomias para seus próprios membros.
OPOSTO
O discurso de “Justiça Social” não resiste a esse contraste grotesco. A mensagem passada à sociedade é cristalina: enquanto o trabalhador comum enfrenta cortes, desemprego e transporte público sucateado, os ministros da Corte desfilam com conforto e exclusividade.
OBSERVAÇÃO
Não se trata de negar a importância das condições adequadas para o exercício das funções judiciais, mas de questionar o abuso no conceito de “adequado”.
MAIS ECONÔMICO
É possível desempenhar as mesmas funções com veículos de custo muito menor e sem salas VIP em aeroportos.
BANAL
O problema é que, no topo da estrutura, a percepção de realidade se dilui, e o luxo se torna normalidade.
ÉTICA
Esse tipo de gasto revela mais do que um problema administrativo: expõe um abismo ético.
ÉTICA 2
Instituições públicas — especialmente as que carregam no nome a palavra “Justiça” — têm a obrigação moral de dar exemplo de sobriedade.
DESCONFIANÇA
Quando agem na contramão, minam a confiança popular e reforçam a imagem de que o Brasil continua sendo o país onde os privilégios da elite estatal se sobrepõem às necessidades da maioria.
OUTRO LADO
O TST não se pronunciou oficialmente – até o fechamento da coluna – sobre a ampliação da compra, uma vez que os veículos se destinam, a princípio, a atender os ministros da Corte trabalhista.
TEM MAIS
Mas se alguém acha que isso é o limite da extravagância, digamos assim, tem coisa mais absurda ainda registrada no TRT do Piauí. Aliás, situação que gerou crítica entre os próprios magistrados.
FATO
O Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região protagonizou mais um episódio que expõe o abismo entre a realidade da maioria da população e os privilégios de uma cúpula restrita.
TREINAMENTO
A decisão de montar, no terraço do prédio, uma academia de ginástica com equipamentos de última geração, supostamente para “treinar policiais” que atuam na segurança do local, é um insulto à lógica e ao bom senso.
USUÁRIOS
Na prática, a academia será usada majoritariamente por juízes, desembargadores e auxiliares, transformando um espaço público mantido com dinheiro do contribuinte em um clube particular de bem-estar para quem já desfruta de salários e benefícios altíssimos.
DIVERGÊNCIA
O argumento oficial — de que a instalação é voltada ao preparo físico dos agentes de segurança — foi inclusive questionado por um desembargador, o que reforça a sensação de que estamos diante de um gasto supérfluo, disfarçado de necessidade institucional.
REALIDADE
Enquanto isso, a sociedade enfrenta cortes de orçamento na saúde, sucateamento da educação e precariedade em serviços básicos.
CONFORTO
É revoltante ver recursos públicos serem destinados a atender confortos pessoais da elite do funcionalismo, em vez de serem aplicados em áreas onde a carência é gritante.
CUIDADO
O que se espera de instituições do Judiciário é exemplo de responsabilidade e zelo pelo dinheiro público.
DESPREZO
Investir em academia de luxo para poucos, sob justificativas frágeis, é desprezar o princípio da moralidade administrativa e manchar ainda mais a imagem de um sistema que já sofre com a percepção de distanciamento da realidade do cidadão comum.
FRASE
Luxo pago pelo povo é miséria moral disfarçada de poder.