Publicidade

Casal gay é vítima de homofobia em boate de RO: ‘Suspeito ameaçou quebrar a gente na porrada’, diz jovem

Um casal gay afirma ter sido vítima de homofobia enquanto participava de uma festa em uma casa noturna de Porto Velho. O caso se tornou público e ganhou grande repercussão após postagem na última quinta-feira (2), quando Iago Henrique, de 25 anos, fez um desabafo no Facebook. Publicidade Na postagem, o jovem contou que estava ... Leia mais

Por

G1

Um casal gay afirma ter sido vítima de homofobia enquanto participava de uma festa em uma casa noturna de Porto Velho. O caso se tornou público e ganhou grande repercussão após postagem na última quinta-feira (2), quando Iago Henrique, de 25 anos, fez um desabafo no Facebook.

Publicidade

Na postagem, o jovem contou que estava abraçado com namorado na casa noturna, no Centro, quando um homem, ainda não identificado, separou os dois. Conforme relato do rapaz, o suspeito ofendeu o casal e ameaçou “quebrá-los na porrada” caso não fossem embora da festa.

“Eu estava abraçado com meu namorado e ele falou algo no meu ouvido e depois me beijou. Eis que um cara separou a gente aos gritos dizendo ‘Seus imundos se querem se comer que seja longe daqui. Eu mando nessa p****. Se [eu] ver se agarrando de novo vou quebrar vocês na porrada. Eu tô aqui com minha família seus desgraçados'”, relatou o jovem na postagem.

Segundo Iago, toda a ação intimidadora aconteceu na frente de um dos seguranças da boate que permaneceu calado. O jovem relatou, ainda, que o homem mais quatro amigos continuaram a intimidá-lo, instigando uma briga no local.

“Chegaram uns quatro amigos do cara já para cima da gente e eles começaram a vir dançando em cima de nós, meio que para começarem uma briga. Eu olhei para o segurança, mas ele nem se mexeu. Só me olhou e baixou a cabeça. Até que meu amigo chegou com outro segurança e levou eles [os agressores] para outro lugar”, lembra o jovem.

Iago relata também que o mesmo segurança chegou a rir da situação. “A mulher do cara que gritou com a gente foi pedir desculpas. Ele deu um puxão nela pelo braço, mandou ela calar a boca e a empurrou. [Ele] foi até o segurança, fez uma piada sobre a gente e o segurança só riu”, afirma o jovem.

Horas depois da postagem de Iago, a Broadway Club, onde tudo aconteceu, publicou uma nota em sua página em uma rede social. Nela, o estabelecimento diz que repudia todo e qualquer tipo de preconceito, dentro ou fora de seu estabelecimento.

Medo de represálias

Depois da repercussão do caso, Iago diz ter ficado satisfeito pela atitude da boate, mas acredita que outras medidas precisam ser tomadas para que casos semelhantes não venham acontecer novamente.

“Apesar de achar que o posicionamento foi feito mais para abafar o caso, ainda assim fico feliz pela atitude dos donos. Porém, isso de nada adianta, se o local não tiver algum tipo de política ou procedimento para evitar esse tipo de situação, ou ainda propagar ou validar essas atitudes. Talvez se deixassem claro que não apoiam isso, por meio de uma ação mais efetiva, o resultado seria melhor. Além do que, os danos causados não foram reparados, e ficou claro para mim que machismo e homofobia são ocorrências comuns no interior da boate E que a equipe que trabalha lá simplesmente não liga”, acredita o jovem.

Após a repercussão do caso, Iago afirma que uma mulher que estava na boate no dia do ocorrido também relatou a inércia dos seguranças diante de um ato libidinoso.

“No meu próprio post, uma moça que estava no mesmo dia em que isso aconteceu comigo, relatou que um homem estava na frente do banheiro feminino mostrando o órgão genital para ela, e isso tudo na frente dos seguranças que, mais uma vez, não fizeram nada. Pelo que pareceu, a atitude homofóbica e agressiva do homem era algo normal e certo para ele [o segurança], acredita Iago.

Para o jovem, a sensação de insegurança dentro da boate o deixou sem reação. “Na hora eu fiquei tonto. Não consegui pensar em nada, meu medo é que eu falasse algo e o cara quebrasse uma garrafa e me cortasse, ou que ele viesse para cima de mim. Nem ação para pegar meu celular eu tive. A única coisa que consegui fazer foi falar com segurança, e quando ele disse que não ia fazer nada, tudo caiu por terra. Não tive coragem de tomar nenhuma outra atitude. Nem consegui pensar em ligar para a polícia. A recomendação que eu dou é que se deve ligar pra polícia e algum familiar na mesma hora”, recomenda Iago.

Ao G1, o jovem diz que, mesmo passado a tensão do dia, o medo de uma represália ainda persiste, principalmente entre sua família.

“Minha mãe pediu para eu apagar o post. Até ela tem medo que as pessoas que frequentam a boate, ou que são simplesmente homofóbicas, maltratem ou tentem me atacar na rua, me ameacem ou que eu seja vítima de alguma represália inspirada por isso. A família do meu namorado está revoltada, quer que tomemos atitudes mais firmes, mas acontece que o medo de algum tipo de perseguição é muito preocupante”, lamenta Iago.

O que diz a boate?

A Broadway disse ainda que “não compactua com atos racistas, homofóbicos ou de qualquer outra natureza, que por ventura, venham a causar dano físico ou moral, a qualquer ser humano, independente de sua orientação sexual”.

Ao fazer referência ao ocorrido com Iago, a boate afirma estar à disposição para ajudar a punir os agressores, com base na Lei.

Questionada, a direção da boate informou ao G1 que não tomou conhecimento do ocorrido no dia do evento, somente no dia seguinte, pelas redes sociais. A boate afirmou que seus seguranças já foram orientados sobre a postura correta adotada pela casa no que se refere ao tratamento de seus clientes, evitando casos como o registrado na última semana.

Publicidade
Publicidade

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.