A suspensão do julgamento da constitucionalidade dos pisos mínimos de frete, que estava marcado para quarta-feira (4) no Supremo Tribunal Federal (STF), desmobilizou os caminhoneiros autônomos, que pretendiam fazer mobilizações em todo o País nesse início de semana.
A ideia era pressionar os ministros do STF para que considerassem as tabelas de frete constitucionais.
Em alguns locais do País, as lideranças da categoria estão reunidas, convocando os autônomos para paralisarem as atividades. Mas também há líderes que já descartaram qualquer protesto, pelo menos, por enquanto.
Na manhã desta segunda-feira (2), o sindicato da categoria de São José dos Pinhais, o Sinditac, fazia mobilização no Posto Costa Brava, em Curitiba. “De hoje até quarta, vamos fazendo uns protestos. O pessoal está começando a se unir”, afirma o presidente da entidade, Plínio Dias. Segundo ele, alguns motoristas já estão encostando os caminhões no pátio do posto. “A partir de quarta vamos parar.”
As duas pautas principais do movimento são os pisos mínimos de frete e o Ciot para Todos.
O Sindicam Goiás providenciou a estrutura para os protestos. Mas o presidente da entidade, Vanderly Caetano, disse à Revista Carga Pesada, por telefone: “Parede que não estão querendo parar. O sindicato está na retaguarda. Se quiserem (fazer os protestos) terão estrutura”, afirma.
Já em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana de Recife (PE), o pessoal está mais animado. E garante que a categoria vai para “o tudo ou nada” na quarta-feira, segundo o líder Marconi França. “Estamos fazendo trabalho de divulgação, panfletagem. Na quarta-feira tudo vai parar, a não ser que o governo atenda nossas reivindicações”, disse França à reportagem. No vídeo, ele é o de chapéu, com camisa do Sport Club do Recife.
RECUO ESTRATÉGICO
Carlos Alberto Dhamer, o Litti, do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Ijuí (Sindijuí), é contra qualquer paralisação agora. Ele considera que, sem o julgamento pelo Supremo, os protestos perderam o sentido e a categoria precisa fazer um recuo estratégico. “O adiamento provocou uma indignação muito grande em todo o País. E mostrou que a categoria não abre mão do piso mínimo”, diz Litti.
Ele acredita que os caminhoneiros devem permanecer vigilantes e aguardar os próximos acontecimentos. E alega que, nos últimos dias, apareceram “outras bandeiras políticas e ideológicas” de pessoas que querem usar a categoria como “massa de manobra”.
Carlos Roberto Dellarosa, do Sindicam de Londrina, concorda com Litti. Para ele, não é hora de realizar as paralisações. “Estamos vendo com os colegas que atitude tomar em nível nacional.”
Outro contrário à paralisação é o presidente do Sindicam de São Paulo, Norival de Almeida Silva. Ele defende a continuação das negociações com o governo. “Temos algumas coisas sendo encaminhadas, como um compromisso dos embarcadores de definirem uma cota de contratação direta de autônomos e a implantação do DTE (Documento de Transporte Eletrônico)”, conta.