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Ruído branco: sons contínuos e neutros ajudam a relaxar e a dormir melhor?

Frequências sonoras que se assemelham a um chiado ou sons da natureza se popularizaram pela suposta capacidade de tranquilizar a mente em ambientes barulhentos. Veja o que diz a ciência.
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Mesmo nas noites mais silenciosas há quem encontre dificuldades para dormir. Afinal, quando a cabeça encosta no travesseiro não raro os pensamentos começam a surgir e frequentemente se tornam um falatório irrefreável.

Para tentar calar as ideias que não param de chegar, muitos se valem dos chamados ruídos brancos.

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📣 Colocar os fones e mergulhar em sons contínuos e neutros, disponíveis em diversos aplicativos de celular, pode ser uma boa alternativa tanto para quem precisa se concentrar em meio aos barulhos do cotidiano quanto para quem quer adormecer.

Classificados com nomes de cores, os ruídos têm diferenças sutis entre si. Além do branco, há também o marrom e o rosa. (Entenda a diferença entre os três mais abaixo.)

“Uma coisa é clara: uma pessoa muito agitada que usa estratégias para relaxar antes de dormir com certeza vai obter um benefício, assim como as cantigas de ninar acalmam as crianças”, esclarece Gustavo Moreira, médico pesquisador do Instituto do Sono.

🩺 O que dizem as pesquisas
A ciência ainda busca entender de que modo – e se – os ruídos considerados benéficos são de fato capazes de modificar o estado mental.

Atualmente, os estudos que analisam o impacto do ruído branco no sono focam em alguns aspectos específicos:

  • Latência, que é o tempo necessário para dormir
  • Fragmentação, representada pela quantidade de vezes em que há um despertar
  • Qualidade do sono, medida pela quantidade específica de cada fase do sono

A dificuldade de cravar a eficácia dos resultados se deve também à diferença das intervenções usadas em cada pesquisa. Algumas usaram maiores intensidades de decibéis, outras, o ruído branco ou o rosa.

O importante é identificar qual intervenção pode ter um efeito positivo ou negativo.
— Marcel Simis, neurologista diretor da Associação Paulista de Neurologia

  • Simis ressalta que não existem evidências que comprovem resultados benéficos para uma boa noite de sono. No entanto, isso não significa que não haja nenhum efeito positivo.
  • De acordo com o neurologista, existem estudos feitos com animais e seres humanos mostrando que os ruídos brancos podem alterar as ondas cerebrais tanto no estado de vigília quanto durante o sono.

 

“Mas ainda não está bem estabelecido se essa modificação está trazendo algum benefício ou malefício para a pessoa exposta ao ruído”, esclarece o neurologista, que também é chefe do Laboratório de Neuromodulação do Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

🔔 Veja a diferença entre os tipos de ruído:
1 – Ruído branco

Exemplos: pode ser o som da televisão ou rádio quando não estão sintonizados ou até mesmo o barulho constante do ar-condicionado.

É o mais popular e tem a mesma intensidade em todas as frequências.

“Oscila dentro da frequência da audição humana, de 20 a 20mil hertz, percebido como um assobio ou um som estático”, explica o neurologista.

2 – Ruído marrom

Exemplos: chuveiro ou forte chuva

É o que tem mais energia nas frequências baixas e, apesar de sugerir o nome de uma cor, foi batizado em homenagem ao botânico Robert Brown.

Ele foi o responsável por documentar o movimento de vários tipos de partículas inanimadas na água. De acordo com a Sleep Foundation, é comparável ao som de um chuveiro ou forte chuva.

3 – Ruído rosa

Exemplo: cachoeira

Este apresenta uma redução de frequências mais altas, equiparável ao som de uma cachoeira.

Dentre os três, é o menos popular, pois pode ser interpretado como um chiado agudo, causando irritação.

🎧 Riscos do ruído e também do barulho

Alguns fones possuem cancelamento de ruído, uma tecnologia que "silencia" os barulhos externos e faz com que não seja necessário aumentar tanto o som para ouvir bem. — Foto: Reprodução/Unsplash

Mas atenção! Não é porque o som é relaxante que pode ser ouvido nas alturas. A orientação quanto ao volume é a mesma para qualquer música ou áudio: maneirar na intensidade.

📊 Contexto: Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um bilhão de pessoas com idades entre 12 e 35 anos correm o risco de perder a audição devido à exposição prolongada e excessiva a música alta e outros ruídos recreativos.

Essa deve ser uma preocupação, já que o volume aumenta conforme crescem as fontes de barulho no cotidiano.

Ainda de acordo com a OMS, atualmente 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo vivem com perda auditiva. E as estimativas apontam que esse número pode aumentar para mais de 2,5 bilhões até 2030.

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