Um Flamengo e Fluminense no estilo rondoniense. Assim como aconteceu na dupla carioca, nas épocas primordiais do futebol de Rondônia, Ypiranga e Ferroviário surgiram movimentando o futebol. E, nessa quinta-feira de TBT, da semana do aniversário de Porto Velho, o ge.globo/ro reuniu um representante de cada lado para relembrar esse período.
Porto Velho já foi berço de muita tradição no futebol. Na época dos torneios amadores, a cidade parava para acompanhar grandes jogos. E o clássico entre Ypiranga e Ferroviário chamava atenção.
Dentre outros títulos, o Ferroviário foi heptacampeão nos anos de 1946 a 1952. Do Copão da Amazônia em 1980. O Ypiranga, campeão do campeonato municipal, estadual. Além de faturar a taça da cidade de Porto Velho, em 1982.
Adalberto é gerente administrativo do Ferroviário sabe bem sobre o período. Está no clube desde 1981. E fez questão de conversar com nossa equipe na sala de troféus do clube. Já Osvaldo Alves Reis é atualmente vice-presidente do Conselho Deliberativo do Ypiranga Esporte Clube. Figura conhecida quando se fala no clube azul da capital.
Dessa época ficou a tradição. A história vai resistindo na memória e no carinho do portovelhense. Daqueles que viveram e vivem para contar o charme desse momento.
– O futebol na época do amador marrom que era considerado, era uma época nostálgica. Tinha muito patrocínio, na época do território todo mundo ajudava. Os jogadores não eram remunerados. A maioria eram servidores públicos, eram servidores de empresas. Eu acredito que a partir do momento que foi profissionalizado encontramos muitas dificuldades – enfatiza Adalberto.
– Ferroviário e Ypiranga sempre foi o clássico das multidões como se falam. A gente sempre ficava muito feliz . Olha tal dia vai ser o encontro, o jogo Ferroviário e Ypiranga e era um jogo pra chamar a atenção de toda a cidade. Todo mundo na cidade queria assistir esse jogo. Todo mundo seja ele Ferroviário, seja ele Ypiranga, ou seja ele torcendo para outro time mais tinha o prazer de ir lá assistir esse jogo. Esse jogo dava muito o que falar a semana toda. Tanto antes de começar a partida, como depois da partida também. Essa é numa verdade que todo mundo tem que saber disso. Os clássicos sempre eram normal, era uma coisa, uma festa, uma alegria, não havia discussão. Era cada um torcendo por seu time. E eu me lembro muito bem de um clássico Ferroviário e Ypiranga lá no Paulo Saldanha, foi uma festa, uma festa muito boa mesmo e uma galera que ficava tudo ali – frisa Osvaldo.
Todo mundo na cidade queria assistir esse jogo
Fundação e futebol
Ypiranga e Ferroviário protagonizaram grandes momentos do futebol rondoniense. De um lado, o clube mais antigo de Porto Velho, do outro, um grande tradicional. As histórias do Ypiranga e do Ferroviário são tão íntimas que dá até pra dizer que um nasceu do outro.
Foi em julho de 1943, que o Mario Texeira, um dos maiores zagueiros da história do Ypiranga, decidiu que era necessário outra agremiação na cidade pra bater de frente com o “Leão azul”.
– O Ypiranga foi criado em 13 de abril de 1919. A história é contada de diversas maneiras pelas pessoas mais antigas. Ferroviário é um time que foi criado ali na estrada de ferro Madeira-Mamoré. Os jogos eram todos realizados no Paulo Saldanha. Hoje onde é o Fórum, nós fizemos uma permuta com uma empresa para poder construir isso. Foi uma dificuldade muito grande porque ninguém tinha dinheiro para fazer isso. Fizemos uma permuta, eles ficaram com o terreno lá, esse terreno aqui já era nosso e nós construímos aqui a sede do Ypiranga – relata Oswaldo.
De ferroviários à atletas, juntos, os criadores do tricolor conseguiram marcar história no futebol na nossa região.
– O Ferroviário inicialmente foi criado como uma entidade classista dos funcionários da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Foi criado ali no galpão da beira do rio em 12 de setembro de 1943. A princípio era uma entidade clássica para defender os interesses dos funcionários e também como objetivo principal a equipe do futebol – fala Adalberto.
Naquela época o futebol por aqui era banhado à alegria, expectativa, traquinagem e até inocência.
– A gente acompanhou muito. Era que tinha. Era moleque naquela época e os guardas ficavam no lado de dentro do alambrado e a gente pulava o muro. Quando estava tocando o hino nacional, os guardas tudo perfilados, a gente pulava o muro e se escondia na arquibancada. Ficava sentado quase em pé pra dizer que a gente não era criança. E eles ficavam lá, seu José Vieira Caúla, mais outras figuras importantes ficavam lá naquele alambrado de madeira. Quando o jogador chutava a bola, eles ficavam querendo chutar a bola assim com os pés, e a gente vinha e botava um tijolo na frente. De repente “tum” eles dava um chute no tijolo. Eles procuravam quem era mais a gente já estava escondido – afirma, com bom humor, Oswaldo.
No período, o futebol era o ponto de encontro dos moradores da capital. Segundo os relatos, a sede do Ferroviário era o local onde a população se encontrava para no “esquenta” para as partidas.
– A nossa sede social era o palco de encontro da sociedade, da boleirada. Como lá no Rio de Janeiro tem o Maracanã onde as pessoas se encontram. Lá na Paraíba tem o calçadão em Campina Grande, cada cidade tem seu ponto de encontro dos futebolistas e aqui em Porto Velho era a nossa sede. O Ferroviário era o ponto de encontro dos torcedores que ficavam aguardando a hora de se dirigir para o Aluízio Ferreira. Foi a equipe mais vencedora dos campeonatos de futebol de Porto Velho que era considerado o campeonato estadual – relembra Adalberto.
Era uma das principais atrações de lazer da cidade era o futebol. O Ypiranga principalmente por ter seu campo ali na Pinheiro Machado, era o campo Paulo Mourão
— Adalberto
– Era uma festa. Minha esposa me acordava, quando eu parei de jogar, 4 horas para eu ir para o estádio. O estádio Aluízio Ferreira para acompanhar tudo – afirma Osvaldo, vice-presidente do conselho administrativo do Ypiranga.
Confira o retrospecto das equipes:
Ferroviario Atlético Clube
Hepta Campeão nos anos de 1946 A 1952
Campeão de vários Torneios Municipais
Campeão da Cidade de Porto Velho (1970)
Conquistou inúmeros Títulos Municipal e Estadual.
Campeão do Copão Da Amazônia (1980)
Futebol – 20 Titulos Conquistados
Ypiranga
Campeão do Território (torneio Inicio)
Campeão da Cidade De Porto Velho
Campeão de vários torneios
Campeão do Campeonato Municipal
Campeão Estadual Região/Norte/Nordeste
Campeão da Cidade De Porto Velho (1982)
Campeão da Taça Master (1996)
Modalidades: Futebol-Basquete-Volei-Natação
Galeria – 170 troféus