No Paquistão, uma questão extremamente sensível é a blasfêmia, assunto tão sério e perigoso que pode inclusive levar à morte. E é justamente o caso mais recente divulgado pela polícia do país.
Segundo as autoridades paquistanesas, uma professora foi assassinada por uma colega e as sobrinhas dela depois que um parente supostamente sonhou que a vítima havia insultado o profeta Maomé.
As duas alunas e a professora emboscaram Safoora Bibi, nessa terça-feira (29/3), no portão principal da escola Jamia Islamia Falahul Binaat, centro de ensino religioso só para meninas. Atacada com uma faca e um pedaço de madeira, a mulher morreu após ter a garganta cortada.
Polícia investiga crime de vingança
O incidente ocorreu em Dera Ismail Khan, na província ultraconservadora de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste do Paquistão. A região faz fronteira com o Afeganistão.
A polícia ainda apura se a principal suspeita, identificada como Umra Aman, teria alguma divergência com a vítima. Grupos de direitos humanos costumam afirmar que as leis de blasfêmia do Paquistão são frequentemente usadas para resolver vinganças pessoais.
Conhecidas como madrassas, as escolas religiosas são frequentadas por milhões de crianças pobres no Paquistão.
Críticos, no entanto, ressaltam que os alunos podem sofrer “lavagem cerebral de clérigos radicais”, que valorizam o aprendizado mecânico do Alcorão em detrimento de assuntos como matemática e ciências.
Um grupo independente que defende os direitos das minorias, intitulado Center for Social Justice, afirmou ao menos 84 pessoas foram acusadas de cometer blasfêmia no ano passado.
Há dezenas de relatos de casos de assassinatos por suposta blasfêmia no Paquistão, incluindo o apedrejamento e a queima de vítimas até a morte.