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Bolsonaristas esquecem que eram a favor da privatização da BR-364 e agora criticam Lula

Por Felipe Corona - interino

Esquecimento seletivo

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Como dizem os filósofos: o poder é conveniente quando nos beneficia e tem nossa admiração. Pois uns 3 ou 4 anos atrás, os seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) eram totalmente a favor da concessão da BR-364, quando o “mito” anunciou que queria entregar para a iniciativa privada diversas rodovias, incluindo a nossa.

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Esquecimento seletivo 2

As redes sociais se encheram de admiradores, pessoas que acharam lindo que a BR-364, entre Vilhena e Porto Velho seria duplicada, etc, a exemplo do que acontece no trecho entre Cuiabá e Rondonópolis (MT). Que só o mito teve coragem de privatizar a “rodovia da morte” e dá-lhe mais adjetivos. E o projeto para tal já estava pronto.

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Esquecimento seletivo 3

Agora, com outro governo tomando frente da iniciativa, os mesmos bolsonaristas que eram à favor, criticam. Principalmente a bancada federal, que “dormiu no ponto” e não conseguiu alterar nada do projeto, que prevê pouco mais de 100 quilômetros de pistas duplas. Em sua maioria, teremos apenas terceiras faixas nos pontos mais críticos da 364.

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Inclusive os parlamentares que são cães fiéis a Bolsonaro e companhia ilimitada NADA FIZERAM para alterar ou impedir o leilão. Quem ainda fez um agá no dia previsto para verificação das propostas (27 de fevereiro) foi o coronel Chrisóstomo (PL), que entrou com uma liminar para impedir o arremate. Mas não conseguiu nem o que o gato enterra na areia.

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Vamos ver uma reportagem publicada em janeiro de 2020 com a participação do deputado federal Lúcio Mosquini (MDB) com a seguinte manchete: “Enquanto Mato Grosso conquistou duplicação de rodovias, Rondônia continua com a BR-364 em condições precárias”.

Esquecimento seletivo 6

E segue: “O forte trabalho político dos representantes do Mato Grosso no Congresso Nacional garantiu a duplicação e conservação das rodovias federais no Estado. O trecho entre Cuiabá e Rondonópolis foi repassado a iniciativa privada que iniciou há 2 anos a construção de uma nova pista”.

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O texto pontua: “Em Rondônia, a BR-364 continua com os mesmos problemas de conservação. Há trechos com grande incidência de buracos entre Pimenta Bueno a Ariquemes. A entrada do município, que hoje é o maior produtor de peixe de Rondônia, está praticamente intransitável e as equipes do DNIT vivem alterando o trajeto dos motoristas causando mais transtornos”.

Divulgação

Esquecimento seletivo 8

O então “coordenador da bancada federal, deputado Lucio Mosquini (MDB), diz que a BR-364 não deveria estar passando por esses problemas já que o Governo Federal mantém 3 contratos com empresas para prestar serviços de manutenção. A expectativa deste ano de 2020, segundo ele, é o processo de privatização da rodovia ” [grifo nosso].

Assunto antigo

Mosquini “explica que a BR-364 está divida em 7 lotes de 100 quilômetros e que a Secretaria Nacional de Privatização, criada no Governo Bolsonaro, está cuidando dos trâmites para o repasse não oneroso a iniciativa privada. ‘Essa medida não deve vingar porque a empresa que vencer a disputa fica obrigada a fazer 10% de duplicação a cada ano do lote que vencer’” .

Assunto antigo 2

Ele encerrou: “’aí então passaria a cobrar o pedágio. De qualquer forma, será ruim para Rondônia porque assim que iniciar o processo de privatização a BR-364 perde seus recursos para investimentos, apenas para conservação. Ou seja, não poderemos mais pedir a construção de uma terceira faixa ou duplicação’”.

Opinião

Como sempre, a turma patriota parece que só aponta o dedo para quem lhe convém. Se fosse Bolsonaro que tivesse privatizado a BR-364, continuaria sendo o melhor presidente da Via Láctea. Mas como o presidente não teve competência para seguir em frente, com Lula, o negócio andou errado, mas andou, e agora dizem que vão tomar providências.

Opinião 2

Ora, se o projeto era ruim, por quê não tomaram medidas ANTES DO LEILÃO ACONTECER? Só acordaram na semana do leilão que já estava previsto para acontecer HÁ MESES? O que aconteceu? Muita coisa para fazer em Brasília, na semana com três dias de trabalho? Ou já estão preocupados só com a reeleição em 2026?

Divulgação

Impactos

É óbvio que todas as mercadorias que chegarão a Rondônia ou irão para estados vizinhos como Acre e Amazonas vão ficar mais caras. Porque é o básico de qualquer negócio embutir no preço final os custos com o transporte. E como 95% do modal no Brasil são as estradas, o preço dos fretes (incluindo o pagamento de pedágios) chegarão aos consumidores.

Salgado

Fazendo um cálculo bem rápido um caminhoneiro vai pagar de pedágio 1 mil reais no trajeto Porto Velho – Vilhena. Ida e volta serão “módicos” R$ 2 mil. Para o cidadão comum será um pouco menos salgado: a mesma viagem entre a capital e a cidade do Cone Sul vai custar R$ 99,25 divididos em sete praças, o que dá uma média de R$ 14,18 em cada um deles.

Tardio

Houve muito blá-blá-blá nas redes sociais (o que mais se viu foram vídeos dos deputados federais ou senadores sendo “contra” a privatização, mas nada de efetivo). O deputado federal coronel Chrisóstomo, por meio de seus advogados, que tentou a liminar na madrugada da data do leilão (27 de fevereiro, quinta), com os seguintes argumentos.

Tardio 2

“O edital de concessão nº 6/2024, publicado pela ANTT, apresenta irregularidades que comprometem direitos coletivos e difusos, incluindo a ausência de estudos ambientais prévios e a falta de consulta às comunidades indígenas impactadas. Ainda sustenta que a proposta de concessão não traria benefícios proporcionais, uma vez que prevê a cobrança de pedágios sem investimentos suficientes para melhoria da infraestrutura” , aponta a petição inicial.

Tardio 3

O documento assinado por Nelson Canedo Motta e Cristiane Silva Pavin, do escritório Camargo, Magalhães & Canedo Advogados, ainda queria suspender o leilão “até que sejam realizadas novas audiências públicas e elaborados estudos técnicos que avaliem os impactos socioambientais da concessão”.

Conversa mole 

Em uma entrevista a uma rádio de Cacoal na segunda-feira passada (03), o senador Marcos Rogério (PL) foi perguntado se haveria possibilidade do cancelamento da concessão da rodovia: “ Tem muita água para rolar debaixo dessa ponte. Tem medidas judiciais que foram adotadas para suspender o leilão”.

Conversa mole 2

O parlamentar continuou: “Eu hoje [segunda, 03], como presidente da Comissão de Infraestrutura, [do Senado] vou levar para fazer esse debate. Eu sou contra a concessão, com o pedágio mais caro do Brasil e com menor volume de obras que eu já vi em uma concessão. Quanto ao modelo, precisamos discutir”.

Conversa mole 3

Ele encerrou: “O que eu quero discutir aqui são os termos e o modelo desse pedágio. O impacto dele para a vida dessas pessoas. Não dá pra aceitar e eu acho que não é uma questão finalizada. Eu acho que nós temos muita briga pela frente”.

Críticas

O jornalista, advogado e professor Samuel Costa divulgou artigo onde expressou a indignação com a distopia vivida pela bancada federal de Rondônia em Brasília (DF). “Entre os anos de 2021 e 2022, a ineficiência e incompetência da bancada federal de Rondônia custaram caro à população”.

Críticas 2

Costa prossegue: “Enquanto os parlamentares se ocupavam em defender o então presidente Jair Bolsonaro (PL), deixaram de lado questões essenciais para o estado, como a concessão da BR-364. O resultado? Pedágios foram impostos sem garantias reais de duplicação, e audiências públicas fundamentais para o futuro da rodovia ocorreram sem transparência”, observou ele.

Divulgação

Críticas 3

Samuel ainda reforçou que “um dos episódios mais emblemáticos dessa omissão foi a suposta audiência pública realizada em Porto Velho no dia 11 de fevereiro de 2022 [no governo Bolsonaro], que discutiu a concessão da BR-364. Apesar da importância do tema, não há registros de ampla publicidade sobre o evento, e nenhuma divulgação relevante foi encontrada em jornais ou sites de grande circulação”.

Críticas 4

Ele ainda acredita que “a ausência de transparência reforça a impressão de que a bancada federal não priorizou o debate público e democrático sobre a concessão. A situação reflete bem a lógica expressa na célebre frase do então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (PL): ‘enquanto ficam distraídos, passa a boiada’” .

Críticas 5

Samuel indica que “enquanto os oito deputados federais e os três senadores de Rondônia se ocupavam em disputas ideológicas e na defesa incondicional do governo Bolsonaro, a concessão da BR-364 avançava sem garantias concretas de duplicação. O resultado é sentido até hoje pelos motoristas: uma rodovia perigosa, tarifas elevadas de pedágio e incerteza quanto às melhorias estruturais prometidas”.

Críticas 6

Samuel desabafa: “a conta dessa lambança na concessão da BR-364 tem donos bem definidos: os oito deputados federais e os três senadores eleitos. Foram eles que deixaram o estado à mercê de um contrato mal negociado, com pedágios altos e sem compromissos sólidos de duplicação. Se não houver fiscalização e pressão popular, a ‘boiada’ vai continuar passando, e quem paga o preço somos nós, que dependemos da BR-364 todos os dias”.