DEMISSÃO
O vice-governador de Rondônia, Sérgio Gonçalves, provocou uma nova e delicada crise política no Palácio Rio Madeira ao pedir a exoneração do secretário da Casa Civil, Elias Resende.
DEMISSÃO 2
A motivação seria a suposta perseguição a servidores e a formação de um grupo de espionagem interna, fato que, se confirmado, revela um ambiente de desconfiança e vigilância dentro da própria estrutura do governo.
APOIO
Sérgio sai em defesa direta de seu irmão, o ex-chefe da Casa Civil Júnior Gonçalves, rompido com o governador Marcos Rocha e alvo de manobras internas. Essa atitude, no entanto, pode custar caro politicamente.
TENSÃO
Ao confrontar o titular da Casa Civil, homem de confiança de Rocha, o vice-governador tensiona a relação com o chefe do Executivo e com boa parte do secretariado, caminhando para um isolamento progressivo dentro do núcleo de decisões.
AFUNDAMENTO
A expectativa inicial de que Sérgio poderia ser o nome natural à sucessão de Rocha em 2026 começa a se dissipar.
PRECIPITAÇÃO
O movimento brusco contra Elias Resende, ainda que aponte para eventuais irregularidades internas, é lido por aliados como um gesto precipitado e de motivação pessoal, mais alinhado à agenda de reabilitação de Júnior Gonçalves do que a um projeto de governo.
MAIS DIFÍCIL
Com a base rachada e a relação desgastada com o governador, Sérgio pode não reunir apoio partidário nem estrutura institucional para viabilizar uma candidatura competitiva.
RENÚNCIA
Sua única saída, nesse cenário, seria a renúncia ao cargo para se filiar a uma nova legenda e construir, sozinho, um caminho rumo às urnas – algo arriscado, especialmente sem tempo hábil ou bases consolidadas no interior do estado.
ACORDO
Outra possibilidade seria tentar um improvável acordo dentro do União Brasil, partido presidido regionalmente por seu irmão Júnior Gonçalves.
ENTRAVE
No entanto, esse movimento encontra resistência direta na figura do deputado federal Maurício Carvalho, que no Estado detém o controle da federação partidária à qual o União Brasil está vinculado.
DESCONFIANÇA
Carvalho, com influência crescente, é hoje o principal fiador da aliança nacional da legenda e não vê com bons olhos os embates internos ou a tentativa de hegemonia familiar dentro da sigla.
FRÁGIL
A crise evidencia a fragilidade do núcleo político do governo Rocha no pós-reeleição. Sem interlocutores sólidos, com exonerações, rachas e denúncias internas, o cenário aponta para uma disputa fratricida, em que a sucessão de 2026 começa marcada por desconfianças e falta de unidade – um terreno fértil para adversários que se movimentam com mais coesão e pragmatismo.
OPINIÃO
Há muito tempo o Palácio Rio Madeira não era palco de uma crise interna tão explícita e constrangedora.
OPINIÃO 2
A tentativa do vice-governador Sérgio Gonçalves de derrubar o secretário da Casa Civil, Elias Resende, sob alegações de perseguição a servidores e espionagem interna, ultrapassa os limites da divergência administrativa e escancara uma disputa pessoal travestida de zelo institucional.
OPINIÃO 3
Não é segredo para ninguém que Sérgio age em defesa do irmão, Júnior Gonçalves, exonerado da Casa Civil em um processo silencioso, mas cheio de bastidores e farpas contidas.
OPINIÃO 4
A saída de Júnior não foi digerida. E agora, como num ajuste de contas mal disfarçado, o vice-governador tenta desestabilizar a nova engrenagem montada por Marcos Rocha.
OPINIÃO 5
A acusação de espionagem interna, se for verdadeira, é gravíssima. Mas o modo como veio à tona – num rompante público do vice-governador contra o próprio governo do qual faz parte – causa mais dano do que o suposto problema que pretende denunciar.
OPINIÃO 6
Em vez de fortalecer sua posição, Sérgio se isola. Rompe com o governador, perde a confiança de secretários e afasta qualquer chance de ser tratado como opção natural para a sucessão em 2026.
OPINIÃO 7
Hoje, o vice tá isolado no União Brasil, não tem grupo político coeso, não tem uma federação que o abrace.
OPINIÃO 8
A alternativa que lhe resta é renunciar e buscar uma sigla que aceite um nome desgastado, associado a brigas internas e marcado por vínculos que restringem sua autonomia.
OPINIÃO 9
Sua outra opção seria tentar uma improvável reconciliação dentro do União Brasil, partido presidido em Rondônia pelo próprio irmão – o que, por si só, já inviabilizaria qualquer discurso de renovação.
OPINIÃO 10
Mais complicado ainda é o fato de o União Brasil fazer parte de uma federação controlada pelo deputado federal Maurício Carvalho, adversário direto da família Gonçalves no tabuleiro da sucessão.
OPINIÃO 11
É Maurício quem segura as pontas da federação em Brasília, é ele quem dita as condições para 2026, e é ele quem tem hoje mais diálogo nacional do que qualquer ator da política local.
OPINIÃO 12
A verdade é que Sérgio Gonçalves errou no cálculo político. Apostou numa reação emocional, talvez na esperança de provocar uma queda em cadeia dentro do governo.
OPINIÃO 13
Mas, ao fim, sua atitude apenas expôs a desorganização de uma gestão que já vinha capenga na articulação e agora assiste seus próprios líderes se devorarem em praça pública.
OPINIÃO 14
O governo Marcos Rocha sai enfraquecido. O vice sai desacreditado. E Rondônia, mais uma vez, paga o preço de um Executivo que prioriza disputas pessoais em detrimento de projetos sólidos de estado.
OPINIÃO 15
Se ainda há tempo para reconstruir pontes, o primeiro passo é admitir os erros e parar de fingir que o governo caminha unido. Porque a crise, neste caso, não é só institucional – é também moral.
FRASE
O cinismo consiste em ver as coisas como realmente são, e não como deveriam ser.