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OPOSIÇÃO SELETIVA? – Senador que ajudou a enterrar Lava Toga agora quer impeachment de Alexandre de Moraes

Em 2019, quando ainda era filiado ao DEM, Marcos Rogério foi um dos que atuaram contra a instalação da chamada “CPI da Lava Toga”, que visava investigar o ativismo político de ministros do STF

O senador Marcos Rogério (PL-RO) voltou a defender publicamente a abertura de um processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em suas redes sociais, o parlamentar afirmou que “só o Senado pode conter os abusos de autoridade no STF” e confirmou ter apresentado requerimento solicitando o andamento do processo. “O meu voto é a favor da abertura do processo de impeachment”, declarou. Para ele, a crise institucional no país só poderá ser enfrentada com mudanças no Senado após as eleições de 2026. “Falta coragem à maioria”, disparou.

No vídeo publicado, o senador reforça a crítica ao Judiciário: “Não é contra o Supremo Tribunal Federal, mas é contra aqueles que capturaram o Supremo para cometer abuso de autoridade, para cometer perseguição política travestida de tecnicismo jurídico”.

Marcos Rogério também ressaltou que o “desequilíbrio entre os poderes” exige uma postura mais firme por parte da Casa Legislativa. “É o eleitor brasileiro que terá a oportunidade de, em 2026, fazer uma escolha. Se querem continuar com o Senado como está, um Senado que não se posiciona, ou se quer um Senado realmente corajoso e que defenda de fato a democracia brasileira”.

Contudo, a posição atual do senador contrasta com seu histórico no Parlamento. Em 2019, quando ainda era filiado ao DEM, Marcos Rogério foi um dos que atuaram contra a instalação da chamada “CPI da Lava Toga”, que visava investigar o ativismo político de ministros do STF. À época, alegou que a CPI poderia gerar “riscos institucionais” e comprometer a governabilidade. “A quem interessa o enfraquecimento institucional do Judiciário?”, questionou, afirmando ainda que “CPI é tipo de processo que você sabe como começa e não sabe como termina”.

Em 10 de abril daquele ano, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o parlamentar votou contra a abertura da CPI, alinhando-se a senadores como Renan Calheiros (MDB-AL) e outros nomes da base governista. A proposta foi arquivada por 19 votos a 7, enterrando, à época, a tentativa de investigação sobre os tribunais superiores.

Agora, em nova postura, o senador de Rondônia defende o uso do impeachment como ferramenta constitucional para responsabilizar ministros que, segundo ele, “extrapolam suas funções”. “Só o poder freia o poder”, enfatizou.

Apesar do requerimento já protocolado, a possibilidade de o processo avançar depende da decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem evitado pautar pedidos semelhantes. O próprio Marcos Rogério reconhece que ainda não há maioria para levar adiante a proposta: “Mas não tem maioria para fazê-lo nesse momento”.

As falas do senador se alinham a um movimento crescente entre parlamentares conservadores, que vêm cobrando limites ao STF, especialmente no contexto de investigações envolvendo fake news, segurança institucional e liberdade de expressão. O ministro Alexandre de Moraes tem sido um dos principais alvos desse grupo.

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