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REI DA PICANHA – Deputado Lebrão gasta R$ 3,7 mil em churrascarias pagas com dinheiro público

No caso de Lebrão, o contraste é evidente: poucos resultados práticos no Congresso, mas assiduidade marcante nos rodízios.

Sem discursos no plenário, sem relatorias de projetos e sem participação na presidência de comissões. Esse é o desempenho até aqui do deputado federal José Eurípedes Clemente, o Lebrão (União Brasil-RO), em seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados. No entanto, se por um lado sua atuação legislativa é discreta, por outro, ele ostenta um título nada convencional: o de parlamentar que mais frequentou churrascarias com verba pública desde o início da legislatura.

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De 2023 até agora, Lebrão realizou 38 visitas a churrascarias, todas bancadas pela Cota Para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), o chamado “cotão”. A churrascaria preferida do deputado é a Assados na Brasa, localizada no centro de Porto Velho, capital de Rondônia. Ao todo, foram R$ 3,7 mil gastos em refeições com carne, o suficiente para colocá-lo no topo de um ranking informal que já vem sendo apelidado de “bancada da picanha”.

Apesar de os valores serem considerados baixos em relação a outros gastos parlamentares — o almoço mais caro custou R$ 200 —, a recorrência das visitas chama atenção. Os reembolsos são considerados legais, já que a CEAP permite despesas com alimentação, combustível, passagens e divulgação do mandato.

Na segunda colocação do ranking, aparece o ex-prefeito do Rio de Janeiro e atual deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), com R$ 3,2 mil gastos, especialmente no restaurante Outback, com 25 visitas registradas. A deputada Ana Paula Leão (PP-MG) aparece em terceiro, com R$ 2,7 mil, impulsionada por visitas à Fogo de Chão, restaurante de alto padrão em Brasília.

Bufês também lideram os gastos

Apesar do destaque para as churrascarias, os maiores gastos com alimentação na Câmara são realizados com serviços de bufê. Desde 2023, os deputados já utilizaram mais de R$ 3,2 milhões da cota parlamentar para alimentação — sendo R$ 623,6 mil apenas com o bufê RCS Serviços de Alimentação, o mais requisitado da Casa.

O gasto mais elevado até o momento foi um jantar promovido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, que custou R$ 27,1 mil aos cofres públicos, segundo nota reembolsada pela CEAP. O valor levantou suspeitas após o próprio bufê confirmar que o serviço, orçado informalmente, sairia por menos da metade.

Churrasco em alta, mas representatividade em baixa

Enquanto parlamentares se envolvem em polêmicas sobre os gastos com refeições refinadas, a atuação legislativa de muitos segue sem grandes avanços. No caso de Lebrão, o contraste é evidente: poucos resultados práticos no Congresso, mas assiduidade marcante nos rodízios.

Até o momento, o deputado não se pronunciou sobre os reembolsos e tampouco apresentou justificativas públicas para a quantidade de refeições custeadas com verba da Câmara. A população rondoniense, que o elegeu para representar seus interesses em Brasília, começa a questionar se o apetite do parlamentar está mais voltado à política ou ao cardápio.

Enquanto isso, a “bancada da picanha” segue ativa — ainda que, legislativamente, em fogo brando.

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