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“Ninguém quer ir para Rondônia”, diz presidente do grupo que controla a concessão da BR-364

A BR-364 foi arrematada em leilão realizado em fevereiro na B3, em São Paulo

A Nova BR-364, concessionária responsável pela administração do trecho entre Vilhena e Porto Velho, enfrenta dificuldades para contratar trabalhadores de base e engenheiros. A rodovia é considerada estratégica para o escoamento do agronegócio em Rondônia.

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Segundo reportagem publicada pela Folha de S. Paulo na quarta-feira, 1º, executivos ligados ao projeto afirmam que a mão de obra no estado está voltada majoritariamente ao setor agropecuário, o que dificulta a atração de trabalhadores para a construção civil. Mesmo assim, a Pnad Contínua aponta que Rondônia registrou, no segundo trimestre, a segunda menor taxa de desocupação entre as unidades da federação, com 2,3%.

De acordo com Wagner Martins, CEO da Nova BR-364, os engenheiros necessários para a operação da concessionária já foram contratados. Porém, as obras previstas em contrato exigirão a contratação de 2.000 trabalhadores pelas construtoras parceiras.

Marcelo Stachow, presidente do grupo que controla as concessionárias da BR-364 e da BR-381, declarou que a ampla carteira de concessões em andamento no país permite que profissionais escolham onde atuar. “Ninguém quer ir para Rondônia, trabalha em outra [concessionária]”, disse.

O diretor de engenharia da Nova 381, Marco Túlio Morales de Carvalho, afirmou que as empresas têm recorrido a salários mais altos para atrair mão de obra, encarecendo os custos das construtoras e, consequentemente, das concessionárias. Ele explicou que, em Minas Gerais, a presença de grandes mineradoras mantém trabalhadores disponíveis para o setor, enquanto em Rondônia a predominância é do agronegócio. “O cara não vai sair do agronegócio para trabalhar na construção”, declarou.

Especialistas do setor, como advogados, consultores e construtoras, avaliam que, mesmo com grandes volumes de investimento, há dúvidas sobre a capacidade de execução de todos os projetos. Como exemplo, citam leilões recentes com baixa concorrência ou ausência de lances.

Em setembro, o CEO da Motiva Rodovias, Eduardo Camargo, declarou à Folha que a escassez de engenheiros e trabalhadores de base preocupa a empresa. Segundo ele, na concessionária ViaSul, no Rio Grande do Sul, foi preciso buscar profissionais em outros estados.

Apesar da falta de mão de obra, Wagner Martins afirmou que a Nova BR-364 deve começar a gerar receita a partir do próximo ano, quando os pedágios no modelo free flow, sem cancelas, entrarão em operação. O executivo explicou que o financiamento das obras poderá ocorrer por meio de project finance, em que ativos e fluxos de caixa futuros garantem o pagamento, ou pela emissão de debêntures incentivadas.

A BR-364 foi arrematada em leilão realizado em fevereiro na B3, em São Paulo. O consórcio formado pela 4UM Investimentos e pelo banco Opportunity foi o único concorrente e ofereceu deságio de 0,05% sobre a tarifa básica do pedágio.

O contrato, com prazo de 30 anos, prevê investimentos de R$ 6,53 bilhões em obras e R$ 3,9 bilhões em manutenção. Estão incluídas a duplicação de 114 km da rodovia, a construção de 200 km de faixas adicionais, 20 passarelas para pedestres e 19 km de vias marginais.

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