A crise entre produtores rurais de Rondônia e órgãos federais ganhou novos capítulos nesta semana com o bloqueio da BR-364 na altura do KM 563, no Trevo de acesso a Cujubim. A manifestação, iniciada na segunda-feira, durou até quinta-feira (12) e resultou em grandes congestionamentos na região de Ariquemes. A rodovia foi liberada temporariamente, mas os organizadores já sinalizaram que novos bloqueios poderão ocorrer neste fim de semana, caso as ações do Ibama e da Polícia Federal contra famílias instaladas em áreas de reservas continuem.
Segundo os produtores, há um histórico de ocupação e produção rural em várias áreas agora incluídas em novas reservas ambientais, onde há décadas já se pratica pecuária e agricultura. Os manifestantes denunciam ameaças de retirada forçada de famílias inteiras, o que tem gerado crescente indignação e mobilização entre os produtores locais.
“Não é possível aceitar que decretos tomem o lugar de leis e ameacem a sobrevivência de famílias que há anos contribuem com o desenvolvimento do Estado. Não é só uma luta por terra, é por dignidade”, disse um dos líderes do movimento.
O impasse ganhou força política com o apoio declarado do presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE/RO), que se juntou à maioria dos deputados estaduais em defesa dos produtores. No entanto, parlamentares reconhecem que o problema é de natureza federal e se encontra amarrado a decretos presidenciais e políticas ambientais de alcance nacional.
“Enquanto a esquerda estiver no poder, dificilmente veremos mudanças concretas. O agronegócio virou alvo, e os produtores estão sendo punidos por produzir”, declarou um deputado estadual.
A situação também ecoou na Câmara Municipal de Porto Velho, onde a vereadora Sofia Andrade (PL) fez um discurso contundente, responsabilizando o ex-governador Confúcio Moura pela criação das reservas no fim de sua gestão. Ela e o deputado Redano lembraram que uma CPI instaurada pela ALE apontou diversas irregularidades na criação dessas áreas de proteção ambiental, mas nenhuma medida foi tomada até o momento para reverter ou anular os decretos questionados.
As críticas se estendem à esfera federal, principalmente às ações do Ministério do Meio Ambiente, liderado pela ministra Marina Silva, apontada por representantes do movimento como símbolo de uma política ambiental supostamente guiada por interesses de ONGs internacionais.
“A política ambiental está sendo ditada por organizações estrangeiras. Querem transformar a Amazônia em um santuário improdutivo, enquanto brasileiros perdem tudo o que construíram” — afirmou uma liderança ruralista.
A tensão reflete um conflito mais amplo entre setores do agronegócio e o governo federal, especialmente sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujas diretrizes ambientais são constantemente criticadas por entidades do setor produtivo amazônico.
Apesar do apoio popular à causa dos produtores, o bloqueio da BR-364 gerou controvérsias. Muitos condenaram a interrupção da via federal por ferir o direito de ir e vir da população. Ainda assim, há compreensão sobre o desespero de quem teme perder tudo da noite para o dia, especialmente em comunidades onde não há alternativa econômica viável fora da produção rural.
Enquanto isso, a tensão permanece. Os produtores avisam: se nada mudar, os bloqueios vão voltar.