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PORTO VELHO A MANAUS – Lula assegura recuperação da BR-319 sem comprometer a preservação da floresta amazônica

O presidente destacou que a recuperação da estrada será feita com total responsabilidade ambiental, priorizando o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação da Amazônia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, em entrevista exclusiva à Rede Amazônica nesta segunda-feira (8), que a obra de recuperação da BR-319, uma das rodovias mais importantes para a região Norte do Brasil, finalmente será realizada. No entanto, o presidente destacou que a recuperação da estrada será feita com total responsabilidade ambiental, priorizando o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação da Amazônia.

“Vamos fazer a BR-319, eu posso te garantir. Mas vamos fazer de comum acordo com os ambientalistas, com aqueles que precisam da estrada e, sobretudo, para atender duas capitais que não podem ficar isoladas como Porto Velho e Manaus”, afirmou Lula.

A BR-319 foi inaugurada em 1976 e tem 885,9 quilômetros de extensão, dos quais 821 km estão no Amazonas e 64,9 km em Rondônia. Ela é a única ligação terrestre entre o Amazonas e o restante do país, permitindo acesso a diversas cidades como Humaitá, Lábrea e Manicoré. No entanto, há mais de 30 anos, a rodovia possui trechos não pavimentados que dificultam o tráfego e causam sérios prejuízos a quem depende da estrada. Impasses ambientais e questões legais têm impedido a reconstrução completa da rodovia.

Lula ressaltou que o governo federal está tratando a questão com seriedade e que a prioridade será garantir que a obra seja realizada de maneira que não agrida o meio ambiente. O presidente fez questão de frisar que não é suficiente apenas construir a estrada, mas também é necessário cuidar da Amazônia de forma sustentável.

“Não podemos fazer uma rodovia e, dois meses depois, ver o desmatamento, o grileiro criando gado onde não pode criar gado, plantando soja onde não pode plantar soja. Temos que manter a floresta intocável para o bem da humanidade inteira”, afirmou Lula.

O presidente também se posicionou em defesa da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, enfatizando que ela não se opõe à obra, mas sim à forma como ela será realizada. “Às vezes jogam a culpa em cima da Marina. Mas a Marina nunca disse que é proibido fazer. O que ela quer discutir é como fazer as coisas. E se for bem feito, é melhor para todo mundo”, afirmou o presidente.

Lula ressaltou que a execução da obra dependerá de um pacto conjunto entre a União, os estados e os municípios, com o objetivo de garantir a proteção da Amazônia durante todo o processo. “Temos que ter responsabilidade do governo federal, do governo estadual e das prefeituras para que a gente cuide da Amazônia”, afirmou o presidente.

A discussão sobre a recuperação da BR-319 gerou polêmica recentemente no Senado, onde a ministra Marina Silva foi duramente criticada por alguns parlamentares. Durante uma audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, o senador Marcos Rogério (PL) afirmou que Marina deveria “se por no seu lugar”, enquanto o senador Plínio Valério disse que respeitava a mulher, mas não a ministra. Marina, por sua vez, respondeu com firmeza, pedindo desculpas pelos comentários, mas reafirmando a necessidade de realizar uma avaliação ambiental estratégica para garantir que a obra não prejudique a Amazônia.

Em resposta às preocupações ambientais, Marina Silva anunciou, em julho, a criação de uma comissão interministerial para conduzir uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) focada na recuperação da BR-319. Esta avaliação envolverá os Ministérios do Meio Ambiente e dos Transportes, com a coordenação da Casa Civil. O objetivo da AAE é analisar toda a área de influência da rodovia e desenvolver um modelo de governança para garantir a proteção de áreas sensíveis, como terras indígenas, unidades de conservação e outras áreas críticas para a preservação ambiental.

No entanto, a Justiça Federal suspendeu a licença prévia para o trecho central da rodovia, após recursos apresentados pelo Observatório do Clima, que alertaram para os impactos ambientais potenciais da obra, como o desmatamento ilegal e a especulação imobiliária nas proximidades da estrada. Em defesa da continuidade da obra, a Advocacia-Geral da União destacou que 55% da área ao redor da BR-319 já está protegida por unidades de conservação, que atuam como uma barreira contra o avanço do desmatamento.

A recuperação da BR-319 é vista como uma necessidade urgente para garantir a conectividade entre Porto Velho e Manaus, além de facilitar o transporte de mercadorias e serviços essenciais para as regiões mais isoladas do Amazonas e de Rondônia. No entanto, a obra também precisa ser conduzida com extrema cautela para preservar a rica biodiversidade da Amazônia e garantir que o desenvolvimento não aconteça à custa da destruição ambiental. A expectativa é que, com o avanço da Avaliação Ambiental Estratégica e o compromisso das partes envolvidas, a obra possa ser concluída de forma equilibrada, beneficiando tanto o desenvolvimento regional quanto a preservação do meio ambiente.

Com informações Rede Amazônica*

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