Após anos de queda de representatividade e enfraquecimento nas urnas, a esquerda em Rondônia ensaia uma tentativa de reconstrução. Com desempenho eleitoral cada vez mais modesto, os partidos ligados à ideologia enfrentam dificuldades para eleger representantes e manter relevância política no estado. Nas últimas eleições, por exemplo, nenhum deputado federal de esquerda foi eleito, e apenas uma cadeira na Assembleia Legislativa ficou com a deputada Cláudia de Jesus (PT), filha do ex-deputado e ex-secretário de Estado Anselmo de Jesus.
Em eventos recentes, como o encontro realizado em Porto Velho em apoio ao deputado federal Glauber Braga (PSOL), a baixa adesão popular ficou evidente, refletindo a crise de mobilização e ausência de renovação nas lideranças de esquerda. Figuras históricas como Fátima Cleide, ainda considerada uma das vozes mais respeitadas do PT no estado, permanecem fora do cenário eleitoral, e nenhum nome novo conseguiu ocupar esse espaço político.
Diante desse cenário, um nome começa a se destacar como possível fio de esperança para a rearticulação da esquerda rondoniense: o senador Confúcio Moura (MDB). Embora se autodefina como um político de centro-esquerda, Confúcio tem adotado pautas que ressoam fortemente com o campo progressista, especialmente em questões ambientais — uma das bandeiras mais caras à esquerda.
Recentemente, o senador saiu em defesa pública da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, após ela ser alvo de duras críticas na Comissão de Infraestrutura do Senado. Confúcio publicou uma nota de repúdio em suas redes sociais, solidarizando-se com a colega e defendendo suas posições.
Durante seus dois mandatos como governador de Rondônia, Confúcio foi responsável pela criação de ao menos 11 novas áreas de preservação ambiental no estado — medida que, embora elogiada por ambientalistas, gerou tensão com setores produtivos e pequenos agricultores afetados pelas restrições de uso da terra.
Mesmo com as polêmicas, Confúcio Moura permanece como uma das figuras mais influentes do cenário político local, com trânsito entre diferentes segmentos e capacidade de articulação. Para muitos analistas, é ele quem pode unificar a esquerda, atrair apoio de nomes históricos e ainda carregar consigo novas lideranças, caso decida assumir esse protagonismo.
Num momento em que a esquerda parece politicamente esvaziada em Rondônia, o futuro do movimento pode depender diretamente das decisões e dos caminhos que Confúcio Moura escolher trilhar nos próximos anos.