Um levantamento da agência Fiquem Sabendo mostrou que o Ministério da Saúde impulsionou apenas uma postagem no Twitter entre fevereiro de 2020 e abril deste ano sobre a campanha de vacinação contra a Covid-19. No total, foram 85 tuíte promovidos, ou seja, postagens que a pasta pagou para que chegassem a mais pessoas.
A agência analisou os dados recebidos através da Lei de Acesso à Informação (LAI), que permite ver diretamente taxas de engajamento das publicações e a quantidade de tuítes pagos.
Para efeito de comparação, durante o mesmo período, o órgão chegou a impulsionar 14 tuítes sobre a vacina da grive, 10 do sarampo, três da poliomelite e dois da febre amarela.
Se incluídas as postagens não-promovidas, o número total no período foi de 4.896. Desses, as palavras “Covid”, “pandemia” e “coronavírus” aparecem em apenas 39,8% do material analisado.
A jornalista e doutoranda em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Rafaela Mazurechen Sinderski afirmou que esses dados mostram que a comunicação do órgão durante a pandemia focou em doenças mais “banais”.
“Seus termos estatisticamente relevantes indicam que, nesses tuítes, o perfil do Ministério da Saúde tratou de doenças mais ‘banais’, como gripe e sarampo, seus sintomas, tratamentos e os cuidados para prevenção”, explica.
Em 31,4% das publicações, a pasta foca nas consequências da Covid-19 sobre o sistema público de saúde. Posts sobre a crise sanitária pela falta de oxigênio em Manaus estão entre os mais discutidos nessa categoria.
Por fim, 28,8% das publicações tratam do lado político da pandemia, segundo o estudo. “Termos como ‘ministro’, ‘presidente’, ‘reunião’ e ‘ao vivo’ indicam uma postura mais institucional por parte do perfil”, diz Sinderski.
Durante esse período, o Ministério da Saúde publicou 62 tuítes sobre a cloroquina e o tratamento precoce.