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Real foi a 4ª moeda que mais perdeu valor frente ao dólar em novembro

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O real foi a quarta moeda que mais perdeu valor em relação ao dólar no mês de novembro, segundo levantamento da Austin Rating que compara as variações de 121 moedas no mundo.

O real se desvalorizou 5,2% frente ao dólar em novembro, ficando atrás somente do bolívar soberano, da Venezuela (-36,1%), do kwacha, da Zâmbia (-9,3%), e do peso do Chile (-8,1%).

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No acumulado no ano, o Brasil ocupa a 13ª posição no ranking das moedas que mais perderam valor frente ao real. A liderança é da Venezuela (-98,3%), seguida pela Argentina (-37,2%) e Angola (-37%).

O dólar opera em leve queda nesta segunda-feira (2), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusar Brasil e Argentina de desvalorizarem “maciçamente” suas moedas e anunciar que irá restaurar tarifas sobre importações de aço e alumínio dos dois países.

Do início do ano até a última sexta-feira (29), o dólar já subiu 9,43% frente ao real, barateando as exportações brasileiras e aumentando a competitividade dos produtos do país lá fora. Somente em novembro, a alta foi de 5,73%.

Analistas rebatem acusação de Trump

As declarações de Trump fizeram o mercado de câmbio abrir sob pressão nesta segunda-feira, mas ao longo da sessão o dólar mudou de rumo e passou a cair ante o real.

Analistas ouvidos pelo G1 rebatem, porém, a acusação de Trump de que Brasil estaria desvalorizando o real como uma política cambial e destacam que entre os principais fatores que explicam uma disparada do dólar no país nas últimas semanas está justamente os efeitos da guerra comercial entre Estados Unidos e China.

“A guerra comercial é um dos fatores principais que têm levado (os investidores) à aversão ao risco, atingindo principalmente mercados emergentes, em especial a América Latina, por conta das tensões políticas em alguns países. Ele não tem razão em dizer que o país está desvalorizando a moeda. Não é política cambial”, afirma o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, a fala de Trump.

Para o economista da Austin Rating, Alex Agostini, Trump tem o foco na sua agenda de reeleição e a declaração visa agradar a sua base de apoio político, que são os empresários norte americanos”.

“A declaração de Trump deixa evidente que ele parece não compreender como funciona o mercado de câmbio global. Ou seja, quais os fatores que influenciam o preço das moedas de forma direta e indireta.

O economista afirma que, ainda que integrantes da equipe econômica do governo brasileiro tenham sinalizado que o novo patamar do dólar veio para ficar, o Banco Central tem reforçado sua operações de intervenção no mercado de câmbio para tentar conter a volatilidade e garantir liquidez.

Para Carlos Menezes, sócio da gestora Gauss Capital, a acusação de Trump é “injusta” e “não reflete a realidade”, uma vez que o Banco Central brasileiro não controla artificialmente o câmbio.

“O que a gente vê no Brasil e na Argentina, sobretudo no Brasil, é um câmbio livre que vem se ajustando aos fluxos de capitais que vem acontecendo neste ano. Não é que o governo tenha uma estratégia de forçar a desvalorização (do real) para exportar”, afirmou.

Menezes destacou alguns acontecimentos recentes que contribuíram para o fortalecimento do dólar em relação ao real. Entre eles, estão um déficit em transações correntes maior do que o previsto pelo Banco Central até outubro, anunciado na semana passada, a afirmação do ministro da economia, Paulo Guedes, de que a taxa de câmbio será naturalmente mais alta diante do novo patamar de juros baixos no país, e a arrecadação menor do que a esperada no leilão da cessão onerosa.

“Esse diferencial de juros novo no Brasil e também o fato de os Estados Unidos esterem puxando o crescimento do mundo acabam valorizando o dólar, principalmente sobre moedas de países emergentes”, disse.

A alta do dólar tem como pano de fundo principal o movimento de maior saída de dólares do país e a preocupação com a desaceleração da economia mundial e as incertezas em torno das negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos para colocar fim à guerra comercial que se arrasta desde o começo de 2018.

Além disso, também tem pesado no câmbio a maior tensão social na América Latina e a queda dos juros no Brasil e o diferencial em relação aos Estados Unidos, o que também contribui para manter afastado um fluxo maior de capital externo para o mercado brasileiro.

Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que, diante da redução da taxa básica de juros no país, o câmbio de equilíbrio “tende a ir para um lugar mais alto”. Com isso, o mercado também ‘testa’ o limite do câmbio, o que contribui para uma maior volatilidade.

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