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Inflação anual voltará a sair do limite da meta em julho

Projeções mostram que IPCA deverá apontar desaceleração dos preços no acumulado de 12 meses até junho e depois aceleração
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A inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deve se manter dentro da meta estipulada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) até o mês de junho deste ano. Depois, o indicador deverá apontar para uma aceleração dos preços fazendo com que o indicador feche o ano fora da mira perseguida pelo BC (Banco Central).

É o que mostram projeções da XP Investimentos obtidas pelo jornal.

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A inflação entrou no intervalo da meta de inflação em março deste ano, quando o IPCA apontou variação anualizada de 4,65% nos preços.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou na última 6ª feira (12.mai.2023) que o IPCA atingiu 4,18% em abril no acumulado em 12 meses.

Nas contas da XP, a inflação ficará dentro do intervalo da meta de inflação também nos meses de maio e junho.

A meta de inflação é definida pelo CMN, que tem 2 integrantes do governo e 1 do Banco Central. A meta deste ano é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual. O piso é 1,75% e o teto é 4,75%.

A XP Investimentos espera uma aceleração nos preços no 2º semestre e que o IPCA feche o ano em 6,25%. Significa que o BC deverá descumprir a meta pelo 3º ano seguido.

A autoridade monetária, comandada por Roberto Campos Neto, não cumpriu a meta em 2021, sobretudo por causa dos efeitos inflacionários da pandemia de covid-19. E, em 2022, devido ao aumento dos preços de commodities com a guerra na Ucrânia.

Em 2023, o Banco Central não deverá cumprir a meta novamente e terá que fazer uma carta explicando os motivos. O órgão admite que há 83% de chance de estourar os objetivos deste ano. Porém, a autoridade monetária está conseguindo diminuir o ritmo dos avanços dos preços ao longo dos últimos anos (leia o infográfico abaixo).

O IPCA chegou a atingir 12,13% no anualizado até abril de 2022. O então presidente Jair Bolsonaro (PL) lançou um pacote de medidas para conter o avanço dos preços. Reduziu impostos de vários produtos, como combustíveis, energia e telecomunicações.

A manobra do então presidente, com o apoio do Congresso, fez o Brasil registrar deflação (queda de preços) por 3 meses consecutivos em 2022: julho (-0,68%), agosto (-0,36%) e setembro (-0,29%).

Diferentemente do ano passado, esses mesmos meses terão avanço nos preços (inflação) em 2023, mostram as projeções.

O economista Alexandre Maluf, da XP, conta que essa queda no acumulado em 12 meses no meio deste ano é resultado da comparação com os meses deflacionados em 2022: “Tudo isso acabou jogando a inflação desse período de abril a junho muito para baixo”.

Na avaliação da XP, o IPCA está com viés de baixa e pode fechar abaixo de 6,25% em 2023, impulsionado pela queda do real e pela queda no preço do petróleo. Por enquanto, a entidade não está considerando eventuais cortes na gasolina, o que poderia puxar o índice para baixo.

Para 2024, a XP espera inflação de 5,0%. O número é acima do teto de tolerância estipulado pelo CMN para o ano que vem, de 4,5%. O centro da meta para 2024 é de 3%, com piso de 1,5%.

Em comunicados aos investidores, o Banco Central tem dito que manterá a condução da política monetária para cumprir essas metas. A ferramenta utilizada é a Selic, a taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano. Como o horizonte para o próximo ano ainda é de uma inflação fora da meta, a autoridade monetária deverá manter os juros em patamar elevado nos próximos meses.

Esses juros altos têm incomodado o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) porque uma Selic elevada retira dinheiro da economia real e, consequentemente, fragiliza o crescimento econômico. Integrantes da equipe econômica têm dito que podem mudar a meta de inflação no próximo ano para facilitar uma redução de juros no 2º semestre.

Como o governo tem 2 assentos no CMN, 1 do ministro Fernando Haddad (Fazenda) e 1 da ministra Simone Tebet (Planejamento), Lula tem poder de fazer uma mudança nas metas. A outra cadeira é ocupada por Roberto Campos Neto (BC).

Na visão de instituições financeiras, o risco dessa manobra é que uma elevação da meta leve ao aumento nas projeções de inflação para os próximos anos.

Por outro lado, uma meta mais elevada pode permitir uma redução de juros no 2º semestre. É o que espera a equipe do governo.

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