No primeiro semestre deste ano, no Brasil, a cada 8 minutos, uma menina ou mulher foi vítima de estupro, marcando o maior número desde o início da série iniciada em 2019 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Os dados revelam que foram registrados 34 mil casos de estupro e estupro de vulneráveis entre janeiro e junho, representando um aumento de 14,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O balanço divulgado pelo FBSP nesta segunda-feira (13) também destaca um aumento de 2,6% nos casos de feminicídios e homicídios femininos em comparação ao mesmo período de 2022. Foram registradas 722 mulheres vítimas de feminicídio, crimes que ocorrem por razões de gênero, além de 1.902 assassinatos registrados como homicídios. A entidade enfatiza que esses números refletem uma falha contínua do Estado brasileiro em proteger suas meninas e mulheres.
Contrariando a tendência nacional de queda nos crimes contra a vida, os assassinatos de mulheres apresentaram crescimento, conforme aponta o relatório divulgado pelo FBSP em colaboração com o G1 e o NEV-USP. Embora o país tenha registrado uma redução de 3,4% na violência letal no primeiro semestre deste ano, os homicídios de mulheres apresentaram um aumento.
Isabela Sobral, supervisora do núcleo de dados do FBSP, destaca a importância da Lei Maria da Penha como ferramenta crucial para prevenir o assassinato de mulheres. Ela ressalta a necessidade de fortalecer a rede de atendimento, capacitar as polícias para lidar adequadamente com casos de violência contra a mulher e garantir a aplicação efetiva de medidas protetivas de urgência.
Sobral também destaca a disparidade na classificação de feminicídios entre os estados, ressaltando a importância de capacitar os policiais para investigar e identificar adequadamente esses casos.
Os dados compilados refletem registros de boletins de ocorrência em delegacias de Polícia Civil em todo o país, e é importante notar que a subnotificação de casos de violência sexual pode indicar que os números reais de estupro são ainda mais elevados. Estudos recentes apontam que apenas uma pequena porcentagem desses casos é efetivamente registrado pelas autoridades.