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Tentativa de feminicídio em Porto Velho leva casal de ex-líderes religiosos a júri popular

Decisão judicial determina que acusados sejam julgados por tentativa de feminicídio ocorrida diante do filho da vítima, de apenas nove meses.

Porto Velho, RO – A 2ª Vara do Tribunal do Júri decidiu que um casal acusado de tentar matar uma mulher em Porto Velho será levado a julgamento pelo Tribunal do Júri. A decisão, proferida pelo juiz Bruno Magalhães Ribeiro dos Santos, trata de um episódio ocorrido em 8 de fevereiro de 2025, no bairro Cuniã, quando a vítima foi atacada com facadas dentro de casa, na frente do filho de nove meses, fruto da relação com um dos acusados.

Segundo os autos, a vítima morava nos fundos da residência pertencente aos pais do ex-companheiro. Na noite dos fatos, após pedir uma bicicleta emprestada, houve discussão que rapidamente se transformou em agressões. O homem teria se armado com uma faca do tipo peixeira, arrombado a porta do quarto e iniciado golpes e socos, enquanto proferia ofensas como “doida”, “doente” e “puta”. A mulher, na tentativa de se defender, sofreu cortes nas mãos, registrados em laudo pericial.

Durante a ação, o acusado anunciou que havia chamado a atual companheira para “terminar o serviço”. Ao sair em busca de socorro, a vítima foi surpreendida pela mulher, que também portava uma faca e tentou desferir novos golpes. A investida só não terminou em morte porque policiais militares chegaram a tempo, utilizaram balas de borracha e conseguiram conter os agressores.

De acordo com o Ministério Público de Rondônia, os acusados teriam planejado o crime com antecedência e se aproveitado da relação familiar para surpreender a vítima. A acusação considera que a tentativa foi premeditada e agravada pelo fato de ter ocorrido diante do filho da vítima, um bebê de nove meses.

]As investigações apontam que o crime foi praticado com qualificadoras de feminicídio tentado, em contexto de violência doméstica, com recurso que dificultou a defesa da vítima, em presença de descendente, além de motivo torpe — o inconformismo com o fim da relação.

Durante a instrução, testemunhas, policiais militares e a própria vítima confirmaram a versão apresentada pelo Ministério Público. A defesa negou as acusações e tentou desclassificar os crimes para lesões corporais, mas o juiz entendeu que havia indícios suficientes para submeter o caso ao Tribunal do Júri. A decisão manteve a prisão preventiva dos acusados, que permaneceram detidos ao longo do processo, sem direito de recorrer em liberdade.

O Ministério Público de Rondônia reforçou que a tentativa de homicídio ocorreu em um ambiente familiar, fato considerado agravante. Além disso, destacou que os réus atuavam como líderes religiosos em uma denominação cristã, circunstância que chamou a atenção da promotora Joice Gushy Mota Azevedo, da 37ª Promotoria de Justiça de Porto Velho.

Segundo a promotora, “não se trata de destacar a função ou crença dos acusados, mas de alertar a sociedade de que esse tipo de crime não escolhe lugar, classe social ou prática religiosa. É preciso entender que o respeito e a segurança das mulheres devem ser garantidos em todos os espaços e que a justiça está atenta para proteger quem sofre esse tipo de violência”.

Com a decisão de pronúncia, o caso segue para o Tribunal do Júri, que decidirá se os acusados serão condenados ou absolvidos pelas acusações de tentativa de feminicídio.

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