Mesmo com prisão preventiva decretada desde dezembro de 2023, o ex-deputado estadual de Rondônia, Jidalias dos Anjos Pinto, conhecido como Tiziu Jidalias, segue foragido da Justiça Federal. Ele é apontado como líder de uma organização criminosa envolvida na extração e comercialização ilegal de cassiterita na Terra Indígena Yanomami, em Roraima.
Apesar de estar oficialmente foragido há um ano e cinco meses, Tiziu foi visto recentemente, em abril de 2025, na cidade de Ariquemes (RO) — onde construiu parte de sua fortuna — na companhia de um empresário local. A aparição reforça a percepção de que, mesmo procurado pela Justiça, o ex-parlamentar ainda exerce influência na região.
Operação Forja de Hefesto
A prisão de Tiziu foi determinada pelo juiz federal Victor Oliveira de Queiroz, da Justiça Federal em Roraima, no âmbito da Operação Forja de Hefesto, deflagrada pela Polícia Federal após mais de dois anos de investigação em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF).
A operação revelou um esquema estruturado de garimpo ilegal, no qual Tiziu atuava como financiador e sócio de lavras clandestinas no território Yanomami. O minério extraído ilegalmente era inserido no mercado através de empresas de fachada, que simulavam legalidade para revenda a grandes companhias.
Cassiterita movimentou milhões
De acordo com a PF, uma das empresas envolvidas movimentou mais de R$ 166 milhões em poucos meses, negociando cassiterita de origem fraudulenta. O destino final do minério era a White Solder Metalúrgica e Mineração Ltda, multinacional do setor com sede em São Paulo e filiais em Rondônia e Amazonas.
A cadeia de comercialização ilegal passava também pela COOPERTIN (Cooperativa de Produtores de Estanho do Brasil), que intermediava a venda entre os garimpos e a White Solder.
Áudios e mensagens comprovam envolvimento
Interceptações telefônicas e mensagens obtidas pela PF mostram que Tiziu coordenava diretamente a logística dos garimpos, discutia pagamentos e demonstrava preocupação com eventuais operações policiais. Em um áudio de 2022, o ex-deputado orienta os comparsas a separar o material extraído internamente do comprado de terceiros, deixando claro seu conhecimento e envolvimento nos crimes.
Entre os principais cúmplices estão:
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Valdeci Aparecido Cardoso, o Keke (operador direto dos garimpos Pupunha e Baixinho);
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Felipe José da Silva Galvão (sócio de Tiziu);
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Nelcides de Almeida Mello, o Gabiru.
O grupo formava uma organização criminosa estruturada, com hierarquia, mão de obra e maquinário pesado, além de mecanismos de lavagem de dinheiro.
Crimes apurados
A operação Forja de Hefesto investiga crimes como:
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Extração ilegal de minério em terra indígena;
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Usurpação de bens da União;
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Lavagem de dinheiro;
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Organização criminosa.
Mesmo com prisões de outros envolvidos já cumpridas nas cidades de Boa Vista (RR), Ariquemes (RO) e Ribeirão Preto (SP), o ex-deputado Tiziu segue foragido, sem previsão de captura, enquanto circula com relativa tranquilidade em áreas onde mantém prestígio e laços econômicos.
A sociedade civil e autoridades federais seguem cobrando providências para que Tiziu Jidalias seja finalmente detido e responsabilizado pelos crimes atribuídos a ele.
