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A Corte de Zé: Um Reinado de espelhos, Grilos e Capotes

Confira as notícias do dia, por Cícero Moura.

Por

CICERO MOURA

Foto: Reprodução / Inteligência Artificial
Foto: Reprodução / Inteligência Artificial

VIDA REAL
Na longínqua província de Pindorama do Norte — aquela terra abençoada por rios caudalosos, cofres cheios e uma paciência eleitoral quase bíblica — reinava um sujeito peculiar, conhecido pelos íntimos como Zé.

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AUTORIDADE
Zé não governava. Zé ocupava. Era quase uma peça decorativa da própria sala de despachos: um objeto de luxo, que reluzia, piscava para si mesmo no espelho e acreditava que isso era administrar.

EQUIPE
Zé tinha um vice, o Mané. E Mané… bom, Mané era exatamente aquilo que o nome já anunciava. 

EQUIPE 2
Servia para compor paisagens, equilibrar fotografias, figurante de luxo na novela da vida pública. 

JABUTI NA ÁRVORE
Ninguém lembrava como ele tinha chegado ali — nem ele, nem Zé, nem muito menos o eleitor. 

INVISÍVEL
Era aquele tipo de presença que não faz falta nem quando está e nem quando sai. Um desses acidentes burocráticos da política.

CHEFE
Mas eis que surge a verdadeira estrela do governo: João Grilo. Um sujeito de fala mansa, sorriso amistoso e um talento sobrenatural para farejar oportunidades com a precisão de um cão farejador que estudou em Oxford. 

Foto: Reprodução / Inteligência Artificial

FAMINTO
Chegou como quem não quer nada — e rapidamente passou a querer tudo.

ASTUTO
Afinal, quando o governante tem um ego do tamanho do estado e uma capacidade de percepção menor que a de um jabuti sonolento, administrar vira um esporte olímpico para quem tem lábia. E ah, como o Grilo tinha lábia.

REINADO DO UMBIGO
Zé governava olhando para o próprio reflexo. Era o tipo de gestor que só conseguia enxergar um problema quando ele encobria o espelho. 

COFRE CHEIO
Narcisista por vocação, soberbo por vício, e indiferente por comodidade. Sorte dele que o estado era rico, organizado e praticamente se administrava sozinho. 

EMPECILHO
Bastava que Zé não atrapalhasse — e, convenhamos, esse era justamente seu talento.

AUDAZ
Enquanto isso, Grilo fazia seu trabalho. E que trabalho. Se existia alguém que entendia de comportamento humano naquela corte, esse alguém era ele. 

AUDAZ 2
Sabia a dose exata de bajulação que Zé precisava para se manter anestesiado, calmo, convicto de que tudo estava sob controle — ou melhor, sob controle de Grilo.

AUDAZ 3
Foi esse mesmo talento que manteve o governo em pé. Grilo pagou apoios, alianças, apoios para aqueles apoios e até umas matérias reluzentes na imprensa marrom. 

APAGOU
Fez sumir Mané — que já não fazia diferença nem sombra — e colocou no lugar dele o Capote, um sujeito de sua total confiança. 

PROPRIEDADE
Era como trocar um vaso decorativo por outro, mas esse tinha etiqueta de posse.

GRANDE LÍDER
E assim, quase milagrosamente, Zé, o candidato abstrato, transformou-se em Zé, o símbolo da continuidade, do desenvolvimento, da inovação e da industrialização. Tudo isso sem nunca ter governado de verdade.

OUTRO PIOR
A ironia da história? Deu certo.
Seu principal adversário conseguiu ser mais arrogante que ele — e isso, em Pindorama, era um feito digno de troféu.

DESPERTAR
Mas como toda boa história política, a harmonia durou menos que promessa de campanha. Um dia, Zé acordou. 

INCÓGNITA
Não se sabe se por uma epifania divina, por um sonho estranho ou por ter finalmente esbarrado na realidade por acidente. 

SOMBRA
De repente, percebeu algo óbvio para todo o estado: Grilo mandava mais que ele.

SOMBRA 2
E não só mandava… traía.
Traía sua confiança, seus planos e, principalmente, sua ilusão de controle.

ATITUDE
O choque foi tão grande que até o Capote, que apenas orbitava o planeta Grilo, acabou respingado. Zé expulsou o Grilo — tarde demais — e isolou o Capote, como quem esconde uma peça defeituosa no fundo do armário para evitar visitas indesejadas.

ELEIÇÃO QUE ASSOMBRA
O tempo passou. Nova eleição se aproxima. E Zé… bem, Zé está aí, entre o pânico e o desespero. 

DESÂNIMO
Descobriu que o poder é mais frágil do que sua autoestima inflada. Percebeu que seu projeto de ascender aos salões do poder central pode ter ido pelo ralo junto com o Grilo.

AMADA
E, para complicar, ainda existe Rapunzel — sua companheira de cachos encaracolados, convicções elevadas e fome institucional. 

Foto: Reprodução / Pinimg

DEVANEIO
Sonha em provar o sabor do poder, em ocupar espaços, em expandir o reino. Mas difícil expandir quando o castelo está rachando.

REALIDADE
Zé agora vive o dilema clássico dos governantes inseguros: Se correr, o bicho pega.
Se ficar, o bicho come.

POSE
E se tentar fazer charme para o espelho… o espelho pode não refletir o que ele quer.

REINO DESORIENTADO
Na corte de Zé, ninguém sabe ao certo quem mandou, quem manda ou quem mandará. Só se sabe que, por anos, o estado viveu no piloto automático, enquanto vaidades, egos e grilos decidiam os rumos da província.

ELEITOR
Resta ao povo — sempre ele, o personagem esquecido — observar, rir um pouco para não chorar, e esperar que, no próximo capítulo, a história tenha menos joões, menos zés, menos capotes e manés…e mais governantes de verdade.

DENUNCISMO 
Em tempos de redes sociais transformadas em palanque permanente, alguns políticos descobriram que a chuva é mais do que um fenômeno climático: é oportunidade de lacrar. 

DENUNCISMO 2
Foi exatamente isso que fez o vereador Marcos Combate, que encontrou na chuvarada a aliada perfeita para alimentar seu perfil de denuncista profissional — aquele que aponta o dedo antes de apontar a verdade.

FATO
O vídeo divulgado por ele mostra, de fato, um canal com sujeira e uma boca de lobo entupida. O problema é que a imagem está longe de dizer tudo — e a narrativa construída pelo vereador diz menos ainda. 

Foto: Reprodução / Redes Sociais

FATO 2
Combate preferiu omitir algo essencial: o volume da chuva arrastou boa parte do material roçado, interrompendo o serviço de limpeza que estava em andamento no local. 

FATO 3
Ou seja, a versão mais conveniente para ele — aquela que rende curtidas e indignação instantânea — simplesmente ignorou os fatos.

ABSURDO
Pior: ele insinuou que a própria empresa teria “jogado lixo no canal”, uma aberração lógica que só se sustenta quando a intenção não é informar, mas manipular. Afinal, a tal empresa estava justamente ali limpando o canal. É preciso esforço — e um certo talento para a distorção — para transformar quem limpa em quem suja.

PERIGO
E os danos não ficam restritos ao campo político. Quando um vereador distorce fatos e cria uma narrativa de culpados imaginários, ele coloca trabalhadores na linha de tiro. 

PERIGO 2
Os servidores e funcionários terceirizados que estavam no local, sob chuva, cumprindo sua função, tornam-se alvos de hostilidade, xingamentos e até ameaças — tudo alimentado por uma denúncia mal formulada e mal-intencionada.

OPINIÃO
O debate público não pode se transformar em vale-tudo retórico. Um vereador não pode brincar com a reputação alheia para manter o engajamento. A fiscalização precisa existir — e deve ser firme —, mas precisa ser responsável, honesta e amparada na realidade, não em suposições lançadas ao vento durante um dilúvio.

OPINIÃO 2
Se Marcos Combate realmente deseja servir à população, o caminho é simples: menos vídeo indignado, mais trabalho sério. Menos espetáculo, mais verdade. Menos impulsividade, mais compromisso com a função pública que ocupa. Fiscalizar, sim. Lacrar com desinformação, não.

FRASE
Nada aterroriza mais um político do que a possibilidade de ter que trabalhar de verdade quando a mamata termina.

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