Deflagrada na manhã de hoje (11), a Operação Eneagrama tem o objetivo de desarticular grupo beneficiado por fraude em prestação de contas em processos de contratação de empresa para realização de treinamentos no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Rondônia.
A ação decorre de trabalho investigativo realizado em parceria entre a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU). O esquema era formado por agentes públicos do Incra, que, valendo-se do poder de gestão, direcionavam contratação irregular de uma empresa para realizar eventos. A documentação utilizada para prestação de contas continha fortes indícios de fraude, além de não refletir a realidade dos serviços prestados. A firma contratada recebia o pagamento integral do valor contratado, porém, não fornecia a totalidade dos itens exigidos para os eventos, havendo condutas suspeitas por partes dos agentes públicos envolvidos no processo.
Durante análise feita pela CGU, constatou-se diversas irregularidades na condução dos processos, como: • Ausência de publicidade da formalização do contrato • Realização parcial de treinamento • Incompatibilidade de datas de realização de eventos • Fortes indícios de montagem de processo • Despesas pagas em duplicidade • Prejuízo diante de sobrepreço e superfaturamento
Em apenas três dos eventos de capacitação analisados, a soma paga pelo Incra em Rondônia foi de R$ 1.109.069,86, cujo prejuízo preliminarmente apurado foi de R$ 1.022.675,62. Quase mil pessoas deixaram de ser capacitadas com as fraudes.
Estão sendo cumpridos 23 mandados de busca e apreensão e cinco de prisão preventiva em Brasília/DF, Porto Velho/RO, Ouro Preto do Oeste/RO, Salvador/BA e Curitiba/PR. A ação conta com a participação de 14 servidores da CGU.
O nome da operação, Eneagrama, refere-se a uma figura geométrica de nove pontas que funciona como símbolo processual. A ideia é que o fim seja sempre o início de um novo ciclo. Essa expressão traduz as supostas fraudes que reiteradamente vinham ocorrendo no Incra: formalizavam-se processos de prestação de contas de eventos com vistas a dar aparente legalidade formal aos meios empregados para contratação de uma empresa, a qual recebia regularmente pagamentos, porém, realizava parcialmente a prestação de serviços contratados.