Rondônia ocupa a quarta posição entre os estados com as maiores taxas de mortes por acidentes com motocicletas no Brasil, segundo o Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (13) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Com uma taxa alarmante de 12,6 óbitos por 100 mil habitantes, o estado fica atrás apenas de Piauí (21), Tocantins (16,9) e Mato Grosso (14,7).
Os dados, que fazem parte da primeira edição do Atlas a abordar especificamente a violência no trânsito, revelam um crescimento preocupante de 12,5% nas mortes envolvendo motocicletas em todo o país. O índice nacional passou de 5,6 para 6,3 mortes por 100 mil habitantes entre 2022 e 2023.
No total, o Brasil registrou 34,9 mil acidentes fatais em 2023, dos quais 13,5 mil envolveram motocicletas — o equivalente a 38,6% de todos os acidentes com morte no trânsito. Em estados como o Piauí, esse percentual chega a impressionantes 70%.
Aumento da frota e informalidade agravam o problema
De acordo com o pesquisador Carlos Henrique Carvalho, do Ipea, o aumento da mortalidade está diretamente ligado ao crescimento acelerado da frota de motocicletas, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. “É um veículo mais barato, com custo operacional reduzido, e tem sido a solução de mobilidade para milhões de brasileiros”, afirma.
Entretanto, ele destaca os riscos da falta de regulamentação, sobretudo nos serviços de transporte de passageiros por motocicleta. “O veículo não oferece nenhuma proteção ao usuário. Quando ocorre um sinistro ou queda, a chance de lesão grave ou óbito é muito alta”, alerta.
Comparativo: estados com maiores e menores taxas
Maiores taxas de mortes com motos no Brasil:
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Piauí: 21
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Tocantins: 16,9
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Mato Grosso: 14,7
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Rondônia: 12,6
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Maranhão: 11,2
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Sergipe: 11,2
Menores taxas:
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Amapá: 2,3
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Rio de Janeiro: 2,4
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Distrito Federal: 2,4
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Acre: 3,7
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Rio Grande do Sul: 3,7
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São Paulo: 3,6
Urgência na criação de políticas públicas
A gravidade dos dados reacende o debate sobre a necessidade de políticas públicas eficazes voltadas à segurança viária e à regulamentação dos serviços de transporte por motocicleta. Em cidades como São Paulo, a legalidade do serviço ainda é motivo de disputa judicial, enquanto especialistas destacam a importância de regras claras para reduzir riscos à população.
O Atlas da Violência 2025 utilizou dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério da Saúde, por meio dos sistemas SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) e Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação).