Nada como o poder para revelar as intenções originais de qualquer ser humano. Essa máxima pode ser aplicada à votação realizada nesta semana pela Câmara Federal, que instituiu a blindagem de deputados e senadores, impedindo que inquéritos sejam abertos contra eles sem a autorização da maioria da Casa, em votação secreta.
A ação que associa o deputado Rafael Fera à máxima do poder concedido ao homem é o seu voto “sim” a esse projeto, que escarnece do cidadão comum, muitas vezes acometido por injustiças diárias apenas por sua condição econômica.
O próprio deputado Fera já esteve do lado da população massacrada pelas injustiças promovidas justamente por aqueles que detêm o poder. Mas bastaram menos de três meses na cadeira de congressista para que ele votasse por um privilégio que o colocará acima da legislação à qual todo o restante do povo brasileiro está sujeito.
Esse voto mostra o quanto um discurso demagógico é impossível de se sustentar por muito tempo sem revelar suas contradições. O próprio Rafael Fera se posicionava como fiscal do povo, contrário aos privilégios — posição que colide com seu voto “sim” para a blindagem dos políticos brasileiros.
Fenômeno eleitoral em Rondônia no pleito de 2022, Rafael Fera pode acabar seguindo o tortuoso caminho de ser apenas mais um entre os vários que passaram pela Câmara Federal, desfrutaram de seus poderes e não deixaram qualquer legado para o seu povo.