Search
Close this search box.
Publicidade

Segep notifica ex-governador Guedes e lhe dá prazo de 15 dias para vir a Porto Velho

O homem que "plantou" as bases do estado mora em Brasília desde que deixou o cargo, em 2 de abril de 1979
Segep notifica ex-governador Guedes e lhe dá prazo de 15 dias para vir a Porto Velho
Publicidade

Se há conhecimento de quem foi autoridade em Rondônia, soa estranha a atitude da diretoria executiva da Superintendência Estadual de Gestão de Pessoas, ao notificar em página de jornal e dar prazo de 15 dias para o ex-governador Humberto da Silva Guedes “tratar de assuntos de seu interesse” na sede desse órgão, no Palácio Rio Madeira.

Nomeado pelo presidente Ernesto Geisel, o coronel Guedes governou o extinto-território federal de 20 de maio de 1975 a 2 de abril de 1979, é viúvo e mora em Brasília. Sua ex-mulher, dona Gilza Auvray Guedes, dedicou-se a causas sociais durante todo tempo de permanência dele à frente do governo.

Publicidade

Uma vaga notificação – de nº 060 – datada de 5 de maio deste ano e publicada na seção de editais do Diário da Amazônia convoca o ex-governador da mesma forma como o faz com servidores e ex-servidores comuns.

Por mais relevante que sejam “os assuntos de interesse do ex-governador”, [um processo administrativo que seja] não é assim que se convida uma ex e maior autoridade de Rondônia a retornar ao estado 38 anos depois de deixar o cargo.

Referindo-se ao “autos do Processo nº 02-2201.20246-00/2011”, a notificação ignora os feitos da ex-autoridade, denotando desprezo ou desconhecimento de quem o convoca. Obviamente, se faz necessário considerar o conteúdo de um governo que preza por mencionar antecessores. Assim, quem sabe, a convocação do coronel Guedes quase quatro décadas depois de ser governador de Rondônia, se deva ao descuido daqueles que, mesmo trabalhando com fichas e cadastros de pessoas, desconhecem a história rondoniense.

No seu quadriênio de governo, Guedes “plantou” as bases do futuro estado, abriu as primeiras estradas e investiu recursos financeiros do extinto Ministério do Interior, da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e da extinta e depois “ressuscitada” Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste Brasileiro (Sudeco).

Quando o sucessor dele, coronel Jorge Teixeira de Oliveira – designado pelo presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo – chegou a Porto Velho, encontrou antigos projetos do Incra e pelo menos cinco cidades prontas para se transformarem em municípios.

Guedes supervisionou diversas obras de infraestrutura nas vilas e povoados ao longo da rodovia BR-364 e por diversas vezes atuou diretamente no fomento à agricultura na fronteira Brasil-Bolívia, caso por exemplo, do Projeto Iata.

Apenas Porto Velho e Guajará-Mirim eram municípios; o segundo fazia parte da lista das áreas de segurança nacional. Ji-Paraná [ex-Vila Rondônia], Ariquemes, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena consolidaram-se em 11 de outubro de 1977, por força de Guedes.

Dez anos atrás, em Brasília, ele me revelava em conversa que o ex-ministro de Indústria e Comércio Ângelo Calmon de Sá lhe dera um “chá de cadeira” e, durante audiência, fizera pouco caso da proposta para a região cafeeira de Cacoal. Calmon, que não conhecera Rondônia naquele período de colonização, sabia apenas das reservas minerais levantadas pelo Projeto Radam Brasil, o Google Earth daquele período.

Não quis reclamar ao general Geisel, por questão de hierarquia. Mas engoliu seco a ignorância daqueles que deveriam conhecer a Amazônia, trilhando suas florestas, enxergando os olhos, o suor, o sangue e as lágrimas daqueora les que a construíram.

É esse o coronel que se vê agora convocado a vir a Rondônia, por simples notificação de jornal.

Fonte: Expressão Rondônia. Por MONTEZUMA CRUZ
Combate Clean Anúncie no JH Notícias