A recente concessão de um trecho da BR-364 à iniciativa privada está sendo amplamente criticada por empresários, políticos e consumidores, que enxergam a medida como um encargo pesado para a economia da região Norte. Com sete praças de pedágio ao longo dos 686,7 quilômetros concedidos, o aumento nos custos logísticos pode gerar impactos negativos significativos, refletindo em preços mais altos para a população.
O consórcio 4UM/Opportunity, vencedor do leilão realizado em 27 de fevereiro de 2025, anunciou investimentos de R$ 10,23 bilhões na rodovia, mas as melhorias prometidas decepcionam. Apenas 113 quilômetros entre Jaru e Presidente Médici serão duplicados, enquanto o restante da via receberá apenas faixas adicionais. Para muitos especialistas, essa intervenção é insuficiente para suprir a crescente demanda logística da região, gerando frustração e insatisfação entre os usuários da rodovia.
A cobrança de pedágios elevados também preocupa o setor produtivo. Empresários do agronegócio alertam que os custos adicionais podem reduzir a competitividade de commodities como soja, milho e café. Com uma carreta de nove eixos gastando cerca de R$ 2 mil em pedágios para um trajeto entre Vilhena e Porto Velho, os impactos no preço final de produtos essenciais, como alimentos e combustíveis, parecem inevitáveis. Além disso, pequenos produtores podem ser os mais prejudicados, uma vez que terão menos margem para absorver esses custos.
A concessão da BR-364, que deveria impulsionar o desenvolvimento da região, pode acabar tendo um efeito contrário. Sem melhorias substanciais na infraestrutura e com tarifas de pedágio consideradas abusivas, a decisão levanta questionamentos sobre a real eficácia do modelo adotado. Diante desse cenário, cresce a pressão por revisões nos termos do contrato e por um debate mais aprofundado sobre o impacto dessa privatização na economia local.