Cerca de 50 famílias ribeirinhas do Baixo Madeira correm o risco de ficarem isoladas após alagamento da estrada que dá acesso às comunidades de Pau D’arco e Bom Jardim. Para deixarem o local, moradores estão dependendo de transporte fluvial, assim como para escoarem suas produções e pegarem água potável.
Severino Nobre, presidente da Associação de Moradores e Produtores Rurais de Mutuns e Baixo Madeira, explica que com o aumento do nível do rio nessa época do ano muitas famílias da região enfrentam dificuldades para manter suas atividades e modo de vida.
“As famílias estão com dificuldades de escoar suas produções. As pessoas tambêm estão sem água para beber. A ponte todo ano é tomada por água. Isolados, os moradores pegam transporte fluvial até Cujubim (outra margem) e de lá vão até a cidade. São pessoas idosas que nasceram e cresceram aqui”, explica Severino.
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Devido ao aumento no nível do rio Madeira, característico nessa época do ano, a Defesa Civil, vem aumentando os trabalhos de mapeamento e acompanhamento das famílias cadastradas. A tarefa é prestar apoio técnico às comunidades que podem ser atingidas caso o nível do rio continue a subir.
“Nesse período em que o rio Madeira ultrapassa os 14 metros, muitas comunidades são atingidas e acabam ilhadas. Por isso, elas serão inclusas no plano de contingenciamento do município”, afirma o diretor da Defesa Civil, Marcelo Santos.
O diretor lembra que ainda é cedo para um prognóstico que aponte uma cheia semelhante a ocorrida em 2014. No entanto, mesmo passados quase cinco anos da cheia histórica, moradores que viram de perto os estragos causados pela água, agora temem qualquer aumento significativo do Madeira.
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É o caso de Cesária Oliveira que tem na parede de sua casa as marcas do nível da cheia de 2014. A apreensão da agricultora aumentou quando ela viu o rio chegar no quintal de casa. Dona Cesária foi informada pela Defesa Civil na manhã deste sábado (5) que a cota de alerta, que é de 14 metros, pode chegar mais cedo esse ano.
“Quando os meus meninos pegam a voadeira para irem à escola nessa época é muito dificultoso. A água para beber tem que ser pega em Cujubim (que fica na outra margem do rio)”, lamenta a agricultora.
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Morando em áreas rurais, a Defesa Civil encontrou como alternativa a instalação de barracas contendo apoio logístico, como cestas básicas e água mineral, durante o período de vulnerabilidade de cheia.
Ao longo da estrada já é possível ver as duas pontes improvisadas com risco de ficarem submersas. É possível ver, ainda, várias barracas da Defesa Civil, algumas delas montadas desde 2014.
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A maioria, são de famílias da cheia de 2014, que optaram por não voltarem para cidade. Agora, elas são acompanhadas pela Semasf (Secretaria Municipal de Assistência Social e da Família). Outras famílias chegaram a ser encaminhadas a programas habitacionais.
Alguns moradores dependem e sobrevivem de plantações que nessa época do ano costumam ser atingidas pelas águas. Nesse caso, o sustento deles passa a depender do Município, através das ações da Defesa Civil.
Um exemplo da resistência de quem opta por ficar no local é o morador da Comunidade de São Miguel, Gilmar Braga, que ainda mora com sua esposa dentro de uma das barracas instaladas pela Defesa Civil há quatro anos. Com a casa destruída, o casal agora mora ao lado da igreja onde congrega.
“Graças a Deus ainda temos essa barraca. O bom é que levantamos cedo com a ajuda do sol”, compartilha o morador, que reclama do calor intenso dentro do recinto.