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ENCHENTE – Famílias ribeirinhas correm risco de ficarem isoladas com aumento do nível do rio Madeira

Cerca de 50 famílias ribeirinhas do Baixo Madeira correm o risco de ficarem isoladas após alagamento da estrada que dá acesso às comunidades de Pau D’arco e Bom Jardim. Para deixarem o local, moradores estão dependendo de transporte fluvial, assim como para escoarem suas produções e pegarem água potável.

Severino Nobre, presidente da Associação de Moradores e Produtores Rurais de Mutuns e Baixo Madeira, explica que com o aumento do nível do rio nessa época do ano muitas famílias da região enfrentam dificuldades para manter suas atividades e modo de vida.

“As famílias estão com dificuldades de escoar suas produções. As pessoas tambêm estão sem água para beber. A ponte todo ano é tomada por água. Isolados, os moradores pegam transporte fluvial até Cujubim (outra margem) e de lá vão até a cidade. São pessoas idosas que nasceram e cresceram aqui”, explica Severino.

Severino Nobre diante de trecho já inundado da linha C-01 em Porto Velho.  — Foto: Pedro Bentes/G1

Devido ao aumento no nível do rio Madeira, característico nessa época do ano, a Defesa Civil, vem aumentando os trabalhos de mapeamento e acompanhamento das famílias cadastradas. A tarefa é prestar apoio técnico às comunidades que podem ser atingidas caso o nível do rio continue a subir.

“Nesse período em que o rio Madeira ultrapassa os 14 metros, muitas comunidades são atingidas e acabam ilhadas. Por isso, elas serão inclusas no plano de contingenciamento do município”, afirma o diretor da Defesa Civil, Marcelo Santos.

O diretor lembra que ainda é cedo para um prognóstico que aponte uma cheia semelhante a ocorrida em 2014. No entanto, mesmo passados quase cinco anos da cheia histórica, moradores que viram de perto os estragos causados pela água, agora temem qualquer aumento significativo do Madeira.

A agricultora Cesária Oliveira, mostra onde água do Rio Madeira chegou na cheia histórica de 2014 em Porto Velho.  — Foto: Pedro Bentes/G1

É o caso de Cesária Oliveira que tem na parede de sua casa as marcas do nível da cheia de 2014. A apreensão da agricultora aumentou quando ela viu o rio chegar no quintal de casa. Dona Cesária foi informada pela Defesa Civil na manhã deste sábado (5) que a cota de alerta, que é de 14 metros, pode chegar mais cedo esse ano.

“Quando os meus meninos pegam a voadeira para irem à escola nessa época é muito dificultoso. A água para beber tem que ser pega em Cujubim (que fica na outra margem do rio)”, lamenta a agricultora.

Fundos do quinta da agricultora Cesária Oliveira já foi atingido pelo aumento do Rio Madeira, em Porto Velho.  — Foto: Pedro Bentes/G1

Morando em áreas rurais, a Defesa Civil encontrou como alternativa a instalação de barracas contendo apoio logístico, como cestas básicas e água mineral, durante o período de vulnerabilidade de cheia.

Ao longo da estrada já é possível ver as duas pontes improvisadas com risco de ficarem submersas. É possível ver, ainda, várias barracas da Defesa Civil, algumas delas montadas desde 2014.

Barracas montadas pela Defesa Civil de Porto Velho em 2014 ainda podem ser vistas ao longo da linha C-01. — Foto: Pedro Bentes/G1

A maioria, são de famílias da cheia de 2014, que optaram por não voltarem para cidade. Agora, elas são acompanhadas pela Semasf (Secretaria Municipal de Assistência Social e da Família). Outras famílias chegaram a ser encaminhadas a programas habitacionais.

Alguns moradores dependem e sobrevivem de plantações que nessa época do ano costumam ser atingidas pelas águas. Nesse caso, o sustento deles passa a depender do Município, através das ações da Defesa Civil.

Um exemplo da resistência de quem opta por ficar no local é o morador da Comunidade de São Miguel, Gilmar Braga, que ainda mora com sua esposa dentro de uma das barracas instaladas pela Defesa Civil há quatro anos. Com a casa destruída, o casal agora mora ao lado da igreja onde congrega.

“Graças a Deus ainda temos essa barraca. O bom é que levantamos cedo com a ajuda do sol”, compartilha o morador, que reclama do calor intenso dentro do recinto.

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