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Pacientes de Covid-19 adquirem dívidas após internações em hospitais particulares em RO

Pacientes em estado grave dizem que acabam gastando mais do que o previsto em hospitais da rede particular.
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Em Rondônia mais de 240 mil casos de Covid-19 foram confirmados até meados de junho deste ano. Toni Francis, de 43 anos, é um dos rondonienses que teve sintomas graves. Ele precisou ficar internado para tratar a doença e quando recebeu alta veio junto uma dívida de cerca de R$ 12,5 mil.

“Só para me internar eu tive que fazer vários exames. Gastei cerca de R$ 4 mil para fazer os exames iniciais, passei quatro dias e meio internado, fiquei sempre no oxigênio e tive que fazer fisioterapia para o pulmão. Também tive visitas médicas, tratamento com oxigênio e remédios. Isso tudo me gerou dívida”, explica.

Segundo apurado pela Rede Amazônica, o preço médio de uma diária na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em um dos hospitais particulares de Porto Velho é de R$ 12 mil, incluindo apenas a medicação.

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Já o valor médio da diária de um apartamento de internação chega a R$ 3,5 mil. Exames laboratoriais e consultas com médicos especialistas, caso seja preciso, precisam ser pagos à parte, nas duas ocasiões.

De acordo com o Programa de Orientação, Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) em Rondônia há registros de denúncias onde estabelecimentos privados estariam exigindo pagamento antecipado e cheque caução para internação de pacientes em hospitais privados durante o período de pandemia. Isso é considerado crime.

Segundo o advogado, professor universitário e mestre em direito, Cláudio Ramos, possíveis acordos entre as partes, em caso de dívidas altas, podem ser feitos. Mas ele reitera que é proibido que o hospital condicione, para o atendimento do paciente em situação de urgência, o pagamento anterior ou a garantia, assim como qualquer preenchimento de formulários, sendo passível inclusive à pena.

“Isso pode refletir no consumidor e virar uma prática abusiva que esteja acontecendo”, explica.

“Ao final, temos o valor que vai ser gasto que não é previsto inicialmente. O ponto que precisamos destacar é a possibilidade amigável extrajudicial ou administrativa junto ao Procon e também a possível revisão na Justiça. Dependendo da situação de cada caso que foi disposto, o acordo entre as partes é possível. Tentar a melhor forma de pagamento dependendo da realidade de cada parte”, afirma.

Tratamentos em casos graves
Em alguns pacientes, o pulmão se torna incapaz de absorver o oxigênio. Por isso, é preciso “substituir” o órgão. Para isso existe um procedimento chamado de Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO), o equipamento age como um pulmão artificial e oxigena o sangue fora do corpo. Este é o mesmo tratamento usado no ator Paulo Gustavo, por 12 dias.

Segundo o cirurgião geral e torácico, Rodrigo Almeida, Porto Velho não possui o equipamento.

“O problema não é só o equipamento, e sim as pessoas que têm que manipular esse equipamento. Tem que ser uma equipe específica. Exemplo: Se quiser ter o ECMO em Porto Velho, é preciso contratar uma equipe que venha junto. Ele já foi usado no interior do estado em pacientes que sobreviveram”, fala.

Atendimento na rede pública
Atualmente há 423 pessoas internadas nos hospitais do estado e não há pacientes na fila de espera por um leito de UTI.

A Secretária de Saúde de Estado (Sesau) informou que o Estado atende urgência e emergência, portanto quando um paciente sai da UTI ele é encaminhado, caso haja necessidade, para atenção básica, para continuar com os tratamentos.

Ainda segundo a Sesau, o Estado oferece todas as especialidades médicas, desde que seja encaminhado pela atenção básica.

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