Em situação de emergência de saúde pública desde o último dia 20 de janeiro após publicação de Portaria do Ministério da Saúde, o território Yanomami vem sendo alvo de exploração política em uma tentativa de abertura de CPI no Congresso Nacional para responsabilizar a gestão do ex-presidente Bolsonaro pelas mortes ocorridas na reserva em decorrência do desamparo do poder público.
A busca pelas 171 assinaturas que consigam instaurar a CPI está sendo promovida pela chamada “bancada do cocar” na Câmara Federal, que é encabeçada pelos deputados Dorinaldo Malafaia (PDT/AP) e Célia Xakriabá (Psol/MG), entre outras coisas, eles acusam o ex-presidente de ter promovido “genocídio” contra essa população indígena.
Porém, uma pesquisa promovida pela reportagem do JH Notícias através dos registros da Câmara Federal, revelou que a morte de índios por fome e doenças dentro de reservas já havia sido denunciada e prevista ainda no governo Dilma Rousseff (PT/MG).
Deputado Amir Lando denunciou que índios passavam fome no governo Dilma Rousseff
A denúncia foi realizada pelo então deputado rondoniense Amir Lando (MDB), que no ano de 2014 navegou por rios da floresta amazônica para fiscalizar as condições dos índios que vivem dentro de reservas e conversar com as lideranças das aldeias.
No dia 05 de agosto de 2014, Amir Lando subiu à tribuna da Câmara Federal e trouxe uma constatação desoladora de sua visita aos índios da floresta amazônica, a de que eles estariam relegados à própria sorte e desesperados por comida.
“Dizia-me um cacique: “Não temos o que comer, nós estamos no sofrimento”. Há um desespero e, por isso, faço um apelo ao Ministério da Justiça e ao Ministério da Ação Social para que imediatamente vão às regiões para estender as mãos. Agora, é alimento, agora, é o desespero”, disse Amir Lando na tribuna da Câmara Federal.
Fica bem claro nessa denúncia realizada em tribuna que além de alertar a dramática situação dos índios dentro da floresta amazônica, Amir Lando ainda acionou os ministérios da Justiça e Ação Social para tomarem uma iniciativa visando impedir uma tragédia.
Crianças yanomamis são as mais afetadas com a fome, doenças e abandono
Amir Lando também deixou claro a possibilidade de uma grande mortandade de índios dentro das reservas. “Essa é a cidadania que se requer, e não reservas abandonadas à própria sorte, que acabam sendo a grande sepultura dos povos indígenas. Eles precisam comer”, disse o então parlamentar rondoniense.
Esse registro da Câmara Federal é uma prova de que os índios viventes em reservas estão em estado de desespero por conta da fome ao menos há uma década, e que a denúncia passou pelas gestões Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) até chegar a atual realidade, a morte de crianças por falta de comida em território brasileiro.
