Durante a pandemia e pós-pandemia do coronavírus, toda rede de ensino foi duramente afetada com as aulas virtuais não conseguindo, apesar de todo o esforço dos profissionais de educação e das famílias, suprir a necessidade no processo de ensino e aprendizagem. Quando as aulas presenciais foram retomadas, os alunos demonstraram clara dificuldade em assimilar o conteúdo.
Para enfrentar esse desafio, a Prefeitura de Porto Velho, em parceria com o Tribunal de Contas do Estado (TCE), implantou em 2021 o programa Alfabetiza Porto Velho, com o objetivo de alfabetizar todas as crianças estudantes da rede municipal até o 2º ano do ensino fundamental e continuar o acompanhamento pedagógico personalizado às crianças estudantes do 3º ano do ensino fundamental.
Profissionais da educação que lidaram com esse desafio e implantaram o Alfabetiza na escola que atuam, atestam o quanto o programa tem sido decisivo para a melhoria do ensino e dos índices educacionais de Porto Velho. É o caso da professora Elizabete Pelsa, da Escola Municipal Pé de Murici, no bairro Planalto, na zona Leste da capital.
“Foi muito desafiador o período da pandemia e da pós-pandemia para nós professores, e também para os alunos e familiares. Por isso, considero o Alfabetiza importante e essencial para o nosso trabalho. Para recebermos esses alunos, de acordo com a demanda e o impacto pós-pandemia nos auxiliou bastante. Permitiu sistematizar a nossa prática, o que deu um ganho no processo de ensino e aprendizagem”, relatou.
Ela lembra que “professores, alunos e os pais tiveram dificuldades, mas a implantação do Alfabetiza permitiu auxiliar a nossa prática. Tivemos várias formações e o auxílio de profissionais, que nos ajudaram na nossa condução da sala de aula, pois tivemos que ter estratégia para trabalhar com os alunos”.
A professora observou ainda que “para enfrentar essa e outras dificuldades, tivemos que organizar estratégias, de acordo com os desafios das crianças, de forma específica. E todos nós professores tivemos que ir atrás, pesquisar, estudar mais e irmos para um novo momento”.
A professora Mariane Lopes, da Escola Municipal União, que atende alunos da Linha 28 de Novembro e da Comunidade Terra Santa, também reforça as dificuldades dos alunos no pós-pandemia.
“As crianças voltaram com muita defasagem, de uma forma geral. A gente recebeu um público que precisava muito do professor. Foi um suporte importante o do Alfabetiza, pois nos dá mais segurança na atuação em sala de aula. Fizemos algumas formações, mensalmente. Nos forneceram apoio com o caderno apostila, além do material destinado pela Semed”, relatou.
Para Mariane Lopes, “o sucesso do Alfabetiza é visível e se deve a um conjunto de fatores e temos alunos que desde que chegaram aqui, com muitas dificuldades, que estão evoluindo a cada dia”.
Segundo ela, “o Alfabetiza tem feito diferença enorme nesse processo de ensino e aprendizagem e os números nas avaliações e no desempenho das nossas crianças, podem ser vistos. Temos o reconhecimento muito grande das famílias, que veem a evolução a cada ano. Isso é muito gratificante para todos nós”.
A diretora da Escola União, Tânia dos Santos, informou que “aderimos assim que o programa foi lançado, trabalhamos tanto com os alunos 1 º ao 3 º ano do fundamental e do 4 º ao 5 º, com a metodologia do Alfabetiza. Participamos sempre das formações, por entender que com isso aplicamos de forma mais eficiente toda essa metodologia”.
Ela também aponta a queda de rendimento dos alunos no pós-pandemia. “Em 2021, observamos uma deficiência muito grande, com a pandemia. Em 2022, vimos no Alfabetiza uma tábua de salvação e isso podemos observar que temos um modelo eficiente e um manual que, se seguido à risca, vemos um aprendizado mais rápido, mais eficiente e que alfabetiza na idade certa. Trabalhamos de forma lúdica, e ao decorrer do ano, conseguimos perceber a evolução do aluno, que chegou na maioria das vezes sem saber nem pegar no lápis. É um processo que precisa ser bem resguardado, para assegurar a sua eficiência e que traga os resultados esperados”.
MELHORIAS
A melhoria nos índices educacionais de Porto Velho está diretamente ligada à implantação do Alfabetiza, em 2021. Em dezembro de 2023, foram monitoradas 104 escolas, nas zonas urbana e rural, com um total de 15.763 estudantes entre o 1º e 3º anos do ensino fundamental.
No Programa Alfabetiza foram estabelecidas as seguintes metas: alfabetizar 85% das crianças até o final do 1º ano; alfabetizar 100% dos alunos até o final do 2º ano e promover a ampliação da leitura e compreensão de textos de todos os alunos do 3º ano do ensino fundamental.