Uma pesquisa recente, a TIC Kids Online Brasil, conduzida pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), revelou que o número de crianças e adolescentes com acesso à internet permaneceu estável, com um pequeno aumento em 2023.
De acordo com o estudo, 95% das crianças e adolescentes, com idades entre 9 e 17 anos em todo o país, têm acesso à internet, o que representa mais de 25,1 milhões de pessoas nessa faixa etária. No entanto, a pesquisa também apontou que, embora esse número tenha diminuído em relação a 2022, ainda há uma parcela desse grupo que nunca teve acesso à internet, totalizando atualmente mais de 580 mil pessoas.
No ano anterior, 92% da população nessa faixa etária, cerca de 24,4 milhões, tinha acesso à internet. Além disso, 940 mil pessoas nunca haviam acessado a internet em 2022.
É importante destacar que a falta de acesso à internet é mais prevalente entre crianças e adolescentes das classes D e E, representando mais de 475 mil deles. Essa discrepância demonstra desigualdades no acesso à internet. A maioria das crianças e adolescentes dessas classes mais baixas também é aquela que acessou a internet no passado, mas não o fez recentemente, com 545 mil delas relatando que não acessaram a internet nos últimos três meses, totalizando 867 mil nessa situação.
O estudo apontou que 24% dos casos registraram o primeiro acesso à internet antes dos seis anos de idade em 2023. Em 2015, apenas 11% das crianças tiveram acesso à internet até os seis anos. Em 2015, a idade média do primeiro acesso à internet era aos 10 anos.
O acesso à internet por meio de dispositivos móveis, como celulares, é a principal forma de acesso, mencionada por 97% dos entrevistados. Além disso, 20% desse público acessam a internet exclusivamente por meio de dispositivos móveis.
O acesso à internet por meio da televisão aumentou nos últimos anos, chegando a 70% em 2023, em comparação com 43% em 2019. O uso de computadores para acessar a internet permaneceu estável em 38%, com predominância entre as classes sociais de maior renda, representando 71%. Nas classes D e E, apenas 15% disseram acessar a internet por meio de computadores.
A pesquisa também destacou que, embora a maioria das crianças e adolescentes na faixa etária de 9 a 17 anos tenha acesso à internet, as condições de acesso variam significativamente. A disponibilidade de dispositivos, acesso à rede e velocidade de conexão são fatores importantes que contribuem para a desigualdade no acesso à internet.
Em relação à publicidade e ao conteúdo sexual, a pesquisa revelou que 50% dos adolescentes entre 11 e 17 anos pediram aos pais ou responsáveis para comprar produtos que viram na internet. Além disso, 84% relataram ter tido vontade de adquirir produtos após vê-los online, e 73% ficaram chateados por não poder comprar esses produtos.
Quanto à percepção das propagandas na internet, 78% dos entrevistados acreditam que as empresas pagam pessoas para promover produtos em vídeos e conteúdos online. Cerca de 59% dos adolescentes entre 11 e 17 anos disseram ter assistido a vídeos de pessoas demonstrando o uso de produtos ou desembalando produtos.
É relevante notar que o estudo também identificou que 28% dos pais utilizam algum filtro ou configuração especial para restringir o acesso de seus filhos à publicidade na internet.
Em relação ao conteúdo sexual, aproximadamente 9% do total de usuários entre 9 e 17 anos viram imagens ou vídeos de natureza sexual na internet nos últimos 12 meses. A maior parte dessas exposições (34%) aconteceu de forma involuntária, seguida por ocorrências em redes sociais (26%). Cerca de 16% das crianças e adolescentes relataram ter recebido mensagens de conteúdo sexual online.
A pesquisa enfatiza a importância do diálogo e do acompanhamento dos responsáveis para entender que tipo de conteúdo as crianças e adolescentes estão acessando e com quem estão interagindo. A internet oferece tanto benefícios quanto riscos, e o acesso varia de acordo com diversas condições, incluindo a qualidade da conexão e a disponibilidade de dispositivos.
Para realizar esse estudo, foram entrevistadas 2.704 crianças e adolescentes com idades entre 9 e 17 anos, bem como 2.704 pais ou responsáveis, abrangendo todo o país. O TIC Kids Online Brasil é uma pesquisa realizada anualmente desde 2012, exceto em 2020, devido à pandemia de COVID-19.