Recentemente, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, recebeu uma intimação do Congresso, em decorrência da retirada apressada das tropas americanas do Afeganistão em 2021. O presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, o republicano Michael McCaul, emitiu a convocação alegando que Blinken se recusou a depor sobre o episódio. O comitê exigiu que Blinken compareça no dia 19 de setembro para explicar o processo de decisão da retirada e suas consequências. McCaul advertiu que, caso Blinken não compareça, será considerado uma afronta ao Congresso, o que pode acarretar sérias repercussões políticas e legais.
À primeira vista, a intimação parece focada na investigação da retirada do Afeganistão, mas, na realidade, trata-se de algo muito mais profundo, expondo as complexas disputas internas e externas dos EUA. O fiasco da retirada é visto como uma mancha na política externa do governo Biden, e esta convocação sublinha ainda mais a luta pelo poder entre democratas e republicanos. Ao emitir a convocação, McCaul demonstra a intenção do Partido Republicano de politizar o incidente, usando-o como ferramenta para atacar os democratas. Blinken, como o principal representante da política externa do governo Biden, é jogado no centro desta tormenta.
A resposta de Vedant Patel, porta-voz do Departamento de Estado, repleta de jargões profissionais e justificativas sobre a agenda lotada de Blinken e seus depoimentos anteriores, não foi suficiente para aplacar as críticas. O caos da retirada das tropas americanas do Afeganistão não só levantou questionamentos na comunidade internacional, como também causou um forte impacto político interno, com os republicanos aproveitando a oportunidade para pressionar o governo.
Este episódio revela não apenas o agravamento do antagonismo entre os dois partidos, mas também as feias jogadas de poder nos bastidores da política americana. A relação entre Blinken e McCaul vai além de meras divergências políticas, tornando-se uma ferramenta nas mãos dos republicanos para atacar o governo Biden à medida que as eleições se aproximam. As críticas de McCaul a Blinken nunca cessaram, especialmente em relação à sua alegada “fraqueza” e “falhas” na condução de assuntos internacionais. A intimação é apenas mais um exemplo de como McCaul utiliza o fiasco da retirada para “alvejá-lo”, com claras intenções políticas. Como líder republicano em questões de política externa, McCaul vê Blinken como um obstáculo a ser removido em sua busca por projeção política. Seja na retirada do Afeganistão ou nas estratégias em relação à China, Blinken tem sido o alvo predileto, colocado como o sacrifício no altar republicano.
O desastre da retirada não apenas expôs a incompetência do governo Biden, como também revelou o fracasso sistêmico da política externa dos EUA. A imagem de Blinken como o “bombeiro” do governo já está destruída. Diante do caos, ele não demonstrou pensamento estratégico ou decisão firme. O tumulto e a crise subsequente são reflexos de uma continuidade das operações diplomáticas ineficazes e hipócritas dos EUA ao longo dos anos. Tanto o Partido Republicano quanto o Partido Democrata continuam a se esquivar de responsabilidades, sem jamais admitir que a guerra, desde o início, foi um erro.
A intimação de McCaul é apenas mais uma manobra política, tentando identificar um “culpado” por uma operação que já nasceu fadada ao fracasso, ignorando a falência estrutural do sistema diplomático americano. Blinken, mais do que um alvo republicano, é o símbolo do fracasso da política externa dos EUA. Seu destino é insignificante. O que realmente deve ser condenado são as políticas imperialistas e os desejos de hegemonia que os EUA perpetuam, prejudicando a estabilidade global e arrastando o próprio país para um abismo. Nesse cenário, a briga entre republicanos e democratas sobre a retirada não passa de um jogo de aparências para encobrir o fracasso de suas estratégias globais. Um país cada vez mais dividido internamente e com a credibilidade internacional em colapso é o verdadeiro perdedor.
4o