Funcultural
Criada ainda na gestão Roberto Sobrinho (PT), a Fundação de Cultura, é o órgão público municipal que administra e promove a gestão das ações culturais da cidade, responsabilidade que até então era da Secretaria Municipal de Cultura Esporte e Lazer. Em seus primeiros anos a entidade teve à sua frente nomes ligados a raiz cultural de Porto Velho, pessoas de reconhecido trabalho no meio artístico regional, entre eles, os músicos e poetas, Julio Yriarte e Altair dos Santos, o Tátá.
Nesse período
Durante essa época houve um fortalecimento e estruturação das normas de apoio à projetos culturais, pela primeira vez uma entidade se destinava exclusivamente os artistas portovelhenses, tudo isso viabilizado em uma época que investimento era algo que não faltava na prefeitura, isso devido ao estreito alinhamento entre o executivo municipal e federal. Regras de apoio ao teatro foram estipuladas, surgiu a casa de espetáculo Banzeiro, além do apoio irrestrito aos tradicionais blocos carnavalescos e o retorno do imponente Baile Municipal.
Veio Nazif
Em janeiro de 2013, o então prefeito Mauro Nazif (PSB) assume a cadeira maior do Palácio Tancredo Neves, para as pessoas envolvidas no processo cultural da capital rondoniense a expectativa era grande, muitas eram as promessas de Mauro para a Funcultural, porém logo nos primeiros dias veio um balde de água fria, Nazif nomeou Christian Camurça, para coordenar a Funcultural, o que gerou a revolta do movimento artístico da cidade, já que Camurça não possuía a menor afinidade ou representatividade com o processo cultural em Porto Velho.
Esperança
Após algum tempo de “cara virada” para a classe artística, Nazif decide surpreender e nomeia Marcos Nobre (PSB) para a cadeira da Funcultural, mais uma vez a expectativa era grande, com essa nomeação surgia a oportunidade pela primeira vez na história de Porto Velho de representantes de um movimento originado nas ruas entre a juventude da capital liderarem uma pasta executiva de cultura, a partir desse momento a esperança era de que os talentos locais fossem valorizados, os processos de cultura respeitados e acima de tudo, o dinheiro público administrado sem suspeição.
Beradero
Esse é o nome dado à um movimento cultural originário da cidade de Porto Velho que no inicio dos anos 2000 se popularizou entre a juventude através de apresentações que contavam com artistas locais que destacavam o orgulho de ser “beradero” o mesmo que nascido ou criado na beira do rio, terminologia que até então era considerada difamatória. Entre os principais expoentes desse movimento estão a banda Quilomboclada e o escritor Boca Bera, uma das poucas lideranças do movimento que sempre se manteve a parte de cargos e funções públicas.
Decepção
Porém, a expectativa rapidamente se tornou decepção, os jovens “beraderos” não disseram a que veio, passaram quase quatro anos no comando da cultura da cidade e junto com Mauro Nazif (PSB) saíram da prefeitura deixando a classe artística desunida, desamparada e sem perspectiva, os poucos eventos destinados à cultura autoral não serviram para fortalecer em nada a cena regional. A decepção dos artistas locais aumentou com a megalomania dos dirigentes “beraderos” que decidiram de forma duvidosa bancar milhares de reais para artistas consagrados como Calipso, Cidade Negra, Gabi Amarantos, Alceu Valença, além de cantores evangélicos de primeiro escalão. Tudo pago com dinheiro público, uma afronta aos músicos locais carentes de oportunidades e investimentos.
Aliás
Esses grades espetáculos promovidos pelos “beras” da Funcultural foi algo tão fora do comum que chamou a atenção da Polícia Federal, obrigando as lideranças culturais a terem de se explicarem à um delegado federal sobre os valores pagos, as investigações permanecem.
Versalle
Entre as bandas locais a única que parece ter sido bem remunerada foi a Verssale, que levou R$ 40 mil em duas apresentações promovidas pelos “Beras” da Funcultural, vale lembrar que os músicos da Versalle, assim como a maioria em Porto Velho, batalharam e suaram sangue sem os devidos apoios para poder mostrar a nossa competência musical país a fora, ridiculamente, após o sucesso da banda, os “beras” da Funcultural tentaram se apropriar da imagem dos músicos, como se o sucesso da Versalle tivesse contado com algum apoio deles, uma bela de uma mentira.
Ocampo
Após a conturbada administração “Bera”, assume a Funcultural, Ocampo Fernandes, nome ativo no meio cultural, alheio à ufanismos, foi com calma, para realizar um carnaval digno para os portovelhenses resolveu fazer bem feito e esperar, logo nos primeiros meses vem mostrando resultados e números impressionantes, resgatou o festival de Fortaleza do Abunã, reanimou a cultura gastronômica com um evento semanal no Mercado Cultural, ao todo já foram mais de 80 eventos promovidos e apoiados em menos de dez meses.
Ainda esse ano
Antes do final de dezembro a Funcultural ainda deve promover o projeto Música Nova, que escolherá cinco compositores regionais para gravação de videoclipe, além da realização dos eventos de final de ano.
Exemplo
Seguindo um padrão de responsabilidade econômica através de parcerias com o setor privado, a Funcultural deverá assinar um grande show gratuito no dia 02 de dezembro com a cantora Joelma, ex-Calypso. O gasto com a cantora será deverá ser bancado pela Rede TV, que comemorará seu aniversário na ocasião, um exemplo que deve ser acolhido pela última gestão, que gastou uma verdadeira fortuna dos contribuintes para promover eventos com artistas de grande apelo popular.
Cuidado
Agora cabe á atual administração da Funcultural trabalhar e sempre ficar esperta com as possíveis “puxadas de tapete”, usual no meio político.
A coluna
João Paulo Prudêncio é jornalista, profissional da área de jornalismo eletrônico há dez anos, autor de matérias de grande repercussão e vencedor do Grande Prêmio de Jornalismo do Ministério Público do estado de Rondônia em 2014. Informações e sugestões de pauta através dos telefones (69) 99230-0591 ou (68) 99217-1709.