A divulgação diária das cotas de medição do Rio Madeira, assim como de outros rios em Rondônia, tem causado preocupação e interpretações equivocadas. A última medição realizada na segunda-feira (16) indicou uma cota de 0,41 metros, e muitos moradores acreditaram que o rio estava com apenas 41 centímetros de profundidade. Contudo, especialistas esclareceram que essa interpretação está errada, pois a cota refere-se à vazão média e não à profundidade do rio.
Segundo a pesquisadora Tatiane Emílio Checchia, professora de Engenharia Civil da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e especialista em recursos hídricos, a medição de vazão de um rio é calculada levando em consideração a velocidade da corrente e a área de seção molhada. Ela destacou que a cota divulgada é um indicador da vazão e não da profundidade exata do rio, sendo usada principalmente para monitorar variações de nível e estiagem. A medição é feita por meio de réguas limnimétricas instaladas na margem do rio Madeira, próximo à ponte da BR-319, no bairro da Balsa, em Porto Velho.
Navegação segura e alarmes infundados
A interpretação errada dessas medições tem gerado receio entre usuários do transporte fluvial, levando a uma queda na demanda por embarcações que realizam passeios turísticos e transporte interestadual de passageiros. Donos de barcos têm se preocupado com a drástica redução de usuários, mesmo com as condições adequadas de navegação.
Os operadores de transporte fluvial garantem que a navegação no Rio Madeira segue todas as normas de segurança, com o uso de sondas para medição instantânea da profundidade, o que assegura a segurança das viagens. Além disso, os pilotos de embarcações são altamente capacitados e conhecem profundamente a dinâmica do rio, tomando todas as medidas necessárias para garantir uma navegação segura.
Esclarecimento do Serviço Geológico Brasileiro (SGB)
Em resposta às preocupações da população, o Serviço Geológico Brasileiro (SGB) forneceu explicações detalhadas sobre o método de medição do nível do rio Madeira. Segundo o SGB, o rio é caudaloso, e mesmo em níveis historicamente baixos, sua vazão ainda é significativa. A cota do rio não se refere à profundidade do leito, mas sim a um nivelamento geométrico da margem do rio, baseado em um referencial geodésico.
O SGB enfatizou que mesmo que a medição alcance a marca de 0 metros, isso não significa que o rio secou completamente. A cota simplesmente indica a altura da água em relação ao referencial adotado, que pode até registrar valores negativos sem representar a ausência de água no canal.
Portanto, a cota baixa não deve ser interpretada como a profundidade do rio, e a navegação permanece segura dentro das normas técnicas estabelecidas. Especialistas reforçam que a população deve confiar nos dados oficiais e nas orientações das autoridades para evitar pânico desnecessário.