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A política da repulsa: quando o preconceito vira projeto de Poder

Confira as notícias do dia, por Cícero Moura.

Por

CICERO MOURA

Foto: Reprodução / Inteligência Artificial
Foto: Reprodução / Inteligência Artificial

PÚBLICO
As declarações da vereadora Sofia Andrade expõem um Brasil que insiste em sobreviver à margem da Constituição, da civilidade e da compaixão. 

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VALORES
Um Brasil que transforma vulnerabilidade em delito, pobreza em ameaça e sofrimento em argumento político. 

ENFÁTICA
No vídeo divulgado pela própria vereadora, a estratégia é transparente: hostilizar, criminalizar e expulsar. 

Foto: Reprodução / Inteligência Artificial

AFIRMAÇÕES
Frases como “Ei, indivíduo, o que você tá fazendo aqui no nosso município?” ou acusações generalizadas — “roubando”, “matando”, “fazendo não sei o quê”.

AFIRMAÇÕES 2
As afirmações  compõem um roteiro moralizante que mira nos mais frágeis, nunca nos problemas estruturais que a cidade enfrenta. 

AFIRMAÇÕES 3
A repetição calculada do bordão “bota no ônibus e manda esse […] pra ‘ponte que caiu’” não é descuido retórico. 

AFIRMAÇÕES 4
É programática. É a tentativa de transformar seres humanos em incômodos descartáveis.

ALVO
Esse discurso higienista — que trata pobreza como sujeira a ser varrida — tem endereço: as ruas de Porto Velho. 

INSPIRAÇÃO
E tem inspiração: o modelo já questionado de Florianópolis, onde um posto da Assistência Social na rodoviária filtra quem chega à cidade, retirando dali quem não “serve” ao imaginário urbano ideal. 

JUSTIÇA
A prática está sob investigação do Ministério Público Federal por possível violação à liberdade de locomoção, um direito constitucional inegociável. 

INOVAÇÃO ?
Ainda assim, Sofia Andrade tenta importar o método para Rondônia como se fosse inovação administrativa, quando na verdade se aproxima de uma política de triagem humana com tintas de eugenia social.

REAÇÃO
A reação da população, porém, desmontou o teatro pronto. As redes sociais rejeitaram massivamente o discurso da vereadora, classificando-o como discriminação, aporofobia e até crime. 

REAÇÃO 2
“Vai caçar seres humanos pelas ruas?” — questionaram internautas. Outros mostraram a ironia óbvia: Rondônia é formada por migrantes que vieram buscar dignidade onde ela parecia possível. 

REAÇÃO 3
“Se a senhora não nasceu em Porto Velho, pode ir embora também”, responderam. 

FATO
As pessoas entenderam o que o discurso da vereadora tenta esconder: preconceito nunca tem lógica; tem alvo.

REALIDADE
Ainda mais chocante é ver o deslocamento do foco: enquanto Porto Velho enfrenta problemas  na coleta de lixo, com resíduos acumulando-se pelas ruas, o alvo da vereadora não é o problema real, mas o cidadão vulnerável. 

Foto: Reprodução / Redes Sociais

CONCEITO
Para quem tem horror à pobreza, o pobre é sempre o culpado — por existir, por ocupar espaço, por “desorganizar a paisagem urbana”.

OUTRA PÉROLA
Mas o extremismo retórico não para aí. A vereadora fala em “caçar” pessoas que pedem dinheiro com crianças, e insinua que seriam imigrantes que “se recusam a trabalhar”, como se a miséria fosse plano de negócio e a sobrevivência, golpe. 

CLASSISTA
É o velho discurso que transforma fome em falta de caráter, pobreza em preguiça e desigualdade em escolha pessoal.

CADÊ A OAB ?
O silêncio da OAB/RO diante do assunto apenas agrava o cenário. A entidade, tão vocal em debates nacionais, se omite quando a violação possível de direitos fundamentais ocorre aqui, no quintal rondoniense. 

OPINIÃO
A seletividade da indignação revela uma institucionalidade que fala alto sobre o distante, mas sussurra — ou cala — quando a injustiça bate à porta.

OPINIÃO 2
No fundo, o projeto político de Sofia Andrade é simples: limpar a cidade eliminando quem a incomoda. Não resolver, não acolher, não tratar — apenas mandar embora. 

OPINIÃO 3
Transformar a assistência social em polícia migratória. Tratar pessoas como entulhos. É o triunfo do higienismo sobre a humanidade.

OPINIÃO 4
Mas Porto Velho não pode — e não deve — aceitar esse caminho. A Constituição é clara: ninguém pode ser impedido de ir e vir dentro do território nacional. 

OPINIÃO 5
O Ministério Público de Rondônia e o Ministério Público Federal precisam agir de forma urgente e rigorosa. 

Foto: Reprodução / Redes Sociais

OPINIÃO 6
A cidade não pode se transformar em laboratório de práticas que, em vez de combater desigualdades, apenas escondem corpos atrás de fronteiras imaginárias.

OPINIÃO 7
O que Sofia Andrade apresentou ao público não é política pública. É preconceito vestido de discurso oficial. 

OPINIÃO 8
É desumanização transformada em pauta legislativa. É o uso da máquina do Estado para excluir quem mais precisa dele.

OPINIÃO 9
Porto Velho merece mais que extremismo e intolerância. Pobreza não se combate com expulsão. Miséria não se resolve com ônibus de volta. 

OPINIÃO 10
E dignidade não é concessão: é direito. A cidade precisa enfrentar seus desafios com políticas sérias, não com slogans que reforçam ódio e ignorância.

OPINIÃO 11
Porque, no fim, a pergunta real não é “o que os pobres estão fazendo em nosso município?”, mas sim: o que nossos representantes estão fazendo com a nossa humanidade?

FRASE
O desprezo pelos vulneráveis transforma a sociedade em uma vitrine limpa, mas com a alma suja.

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