O Brasil possui uma extensão territorial de 851,1 milhões de hectares — o equivalente a 8.511.965 km², formando um dos maiores países do mundo em área contínua. Desse total, 816 Terras Indígenas já homologadas ou declaradas ocupam 118,9 milhões de hectares, ou 1.189.618 km². Em uma análise direta, isso representa 14% de todo o território nacional reservado aos povos indígenas.
O contingente indígena brasileiro atualmente gira em torno de 1,7 milhão de pessoas. Isso significa que, proporcionalmente, há quase 1 km² de terra para cada indígena, considerando idosos, adultos, jovens e crianças.
Alguns exemplos chamam atenção pelo contraste entre extensão territorial e população. Em áreas como Raposa Serra do Sol, em Roraima, o território destinado aos povos originários ultrapassa 1,7 milhão de hectares, enquanto a população indígena local é inferior a 15 mil pessoas. Já os demais 210 milhões de brasileiros dividem cerca de 8,4 milhões de km².
Novas demarcações ampliam ainda mais a extensão total
O cenário voltou ao centro do debate nacional após o anúncio feito pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, de que o Ministério da Justiça assinou dez novas portarias declaratórias para demarcação de Terras Indígenas.
O pacote inclui:
- 4 milhões de hectares destinados a territórios quilombolas;
- 59 milhões de hectares distribuídos entre dez novas áreas indígenas.
Ao todo, serão mais 63 milhões de hectares adicionados às áreas já reservadas, um número que reacende discussões sobre equilíbrio territorial, desenvolvimento econômico, soberania nacional e impacto nas regiões produtivas do país.
Um debate que divide o país
Críticos consideram os números “inacreditáveis” diante das necessidades de expansão agrícola, industrial e urbana, lembrando que decisões dessa magnitude afetam diretamente a economia, a segurança alimentar e o planejamento estratégico nacional. Para outros, trata-se de uma reparação histórica necessária, essencial para proteger povos tradicionais e seus modos de vida.
O fato é que as novas portarias chegam em um momento de forte polarização política, reforçando questionamentos sobre prioridades do governo federal e sobre o futuro da ocupação territorial no Brasil.
Enquanto isso, o país segue assistindo a um dos debates mais complexos do cenário nacional: como conciliar preservação, soberania, desenvolvimento e a gestão de um território continental?





















