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Licença de técnico na América do Sul vai valer para times na Europa

A decisão derruba as fronteiras que sempre separaram a América do Sul e a Europa

A Conmebol e a Uefa estão de mãos dadas para uma série de parcerias em 2022. Uma delas é a unificação da licença para treinadores. Isso significa que os técnicos sul-americanos poderão trabalhar normalmente na Europa. A decisão derruba as fronteiras que sempre separaram os dois continentes. Os últimos acertos já estão sendo redigidos. Para os treinadores brasileiros, a regulamentação das duas confederações abre um mercado maior de trabalho, sem a exigência e necessidade de cursos complementares.

Conversas nesses sentidos, de aproximar o futebol e as regras sul-americanas da expertise europeia, já estão sendo firmadas há pelo menos três anos, muito antes de as duas confederações se unirem para combater as novas ideias da Fifa, a principal delas diz respeito à realização de Copas do Mundo a cada dois anos. Conmebol e Uefa são contrárias à iniciativa.

Tanto para a Conmebol quanto para a Uefa, o torneio de seleções da Fifa inviabilizaria a aposta nas competições de clubes, como Liga dos Campeões e Copa Libertadores, duas das principais disputas de times dos dois continentes. A Fifa perde terreno nessa briga porque o calendário dos torneios de clubes são mais extensos e cada vez mais interessantes, enquanto que a disputa de seleções é feita a cada quatro anos e durante um mês apenas. Em 2022, a Copa do Mundo será no Catar, começando dia 21 de novembro, com final marcada para 18 de dezembro.

A Uefa revelou que a Liga das Nações contará com as seleções Sul-Americanas a partir de 2024.

A licença conjunta para treinadores da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) e Uefa é o primeiro passo dessa união. Todos os técnicos sul-americanos serão beneficiados A Conmebol pode ainda se valer da experiência de um de seus maiores problemas, inclusive no Brasil: o uso do VAR.

O árbitro de vídeo já se mostrou eficaz, mas ele sofre no futebol brasileiro, com árbitros ruins e despreparados, diferentemente das partidas dos campeonatos nacionais na Europa, como Inglês, Alemão e Espanhol, por exemplo. Uma parceria para aprimorar esse uso pode ser feita em breve.

A Conmebol já tem como modelo algumas decisões adotadas pela Uefa, como a decisão da Libertadores em jogo único e em um país neutro, como foi a deste ano, entre Palmeiras e Flamengo, em Montevidéu, no Uruguai. As cotas pagas em dinheiro ao campeão também faz com que os clubes da Libertadores se interessem cada vez mais pelo torneio. Há dinheiro e prestígio em jogo, uma cópia fiel da Liga dos Campeões da Europa, cujo vencedor da edição passada foi o inglês Chelsea.

Escritório em Londres
Um escritório em Londres também está sendo montado para que as duas confederações possam ter um ponto em comum para negociar melhor seus torneios. Para se ter uma ideia da importância desse local físico na Inglaterra, basta tomar ciência de que a final da Libertadores deste ano foi mostrada para 192 países ou territórios. Vender e negociar o futebol da Conmebol é o que move a iniciativa.

A CBF está junto com os dirigentes sul-americanos nessa empreitada. Quatro países levantaram a mão para falar na cerimônia dos cartolas em meio à decisão do Palmeiras com o Flamengo: Brasil, Colômbia, Argentina e Uruguai. Todos eles apoiam a Conmebol em tudo o que ela faz. E estão de olho no que podem ganhar com essa parceria na Europa.

De Londres, Conmebol e Uefa poderão mostrar a força de suas competições de clubes para o restante do mundo, globalizar suas marcas e oferecer o jogo praticado nos países sul-americanos. O futebol brasileiro e argentino são os que mais despertam interesse nos torcedores, patrocinadores, agentes e público em geral.

Espera-se, com a aproximação do futebol dos continentes, que a classe dos dirigentes sul-americanos evolua, de modo a deixar os torneios nacionais mais fortes e mais bem organizados. Um terceiro passo pode ser a unificação dos calendários, seguindo o padrão europeu. Isso tornaria o trabalho de transferência de jogadores brasileiros, por exemplo, mais fácil.

“Sentimos uma grande satisfação pelos frutos que estamos colhendo junto com a Uefa a partir do excelente relacionamento entre nossas instituições. Com a assinatura desta renovação e extensão de nosso memorando de entendimento, estamos lançando as bases para que esta cooperação cresça e se desenvolva. A abertura de nosso escritório conjunto em Londres nos permitirá assumir novos projetos com agilidade e vigor para o benefício de milhões de torcedores em nossos continentes e ao redor do mundo”, disse Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol.

Em 1º de julho, um desses eventos juntos já está marcado. Trata-se de um jogo entre Argentina e Itália, do campeão da Copa América com o vencedor da Eurocopa. A partida será em Londres.

Conmebol mais forte politicamente
Além da troca de experiência, que pode fortalecer o futebol menos desenvolvido no sentido de gestão e arrecadação, a união entre Conmebol e Uefa também tem interesses políticos. Juntas, as duas confederações são mais fortes na mesa de negociação.

Vale lembrar que a América do Sul tem apenas dez votos em todas as decisões propostas pela Fifa. Ao lado da Uefa, a representatividade da América do Sul cresce e ganha importância para, por exemplo, escolher o próximo país-sede de uma Copa do Mundo.

Uma quarta intenção da parceria, segundo o Estadão apurou, é fortalecer o futebol feminino. O Brasil já está mais avançado nesse segmento em relação aos seus vizinhos do continente.

Clubes como Barcelona, Paris Saint-Germain e outros estão muito mais adiantados do que seus colegas da América do Sul. A licença de treinadores também vale para o futebol feminino, o que coloca as duas modalidades em condições de igualdade.

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