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FORAGIDO – Ex-deputado Tiziu Jidalias lidera esquema milionário de extração ilegal na Terra Yanomami

A operação, investigada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, aponta que o grupo comandado por Tiziu movimentou mais de R$ 190 milhões em 2021, por meio de um complexo esquema de lavagem de dinheiro e usurpação de bens da União.

Foragido há mais de um ano, o ex-deputado estadual por Rondônia, Tiziu Jidalias, está no centro de um dos maiores esquemas de extração ilegal de minério já identificados na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A operação, investigada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, aponta que o grupo comandado por Tiziu movimentou mais de R$ 190 milhões em 2021, por meio de um complexo esquema de lavagem de dinheiro e usurpação de bens da União.

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O montante foi rastreado e está sendo alvo de bloqueio judicial, atingindo a empresa White Solder Metalúrgica e Mineração Ltda, sediada em São Paulo, e outros integrantes da quadrilha, como Nelcides de Almeida Mello, conhecido como Gabiru, amigo pessoal e parceiro comercial de Tiziu.

Interceptações telefônicas e documentos obtidos durante a investigação revelam que Tiziu desempenhava um papel central na organização criminosa. Ele coordenava o uso de maquinários pesados para extração, lavagem e beneficiamento da cassiterita, além de intermediar pagamentos ilícitos. Em uma das escutas, Tiziu reclama da dificuldade de movimentar R$ 100 mil em espécie e aparece cobrando do comparsa Valdeci Aparecido Cardoso, o Keke, o repasse de R$ 4 mil para cada líder Yanomami, numa tentativa de garantir o silêncio e a continuidade da atividade ilegal na área indígena.

Keke, que se apresentava como o “dono” de um morro repleto de garimpeiros, era responsável por vender o minério extraído a cooperativas de fachada, que repassavam o produto à White Solder, considerada o “braço legal” do esquema. Para encobrir a origem ilícita do dinheiro, a quadrilha usava pessoas físicas como laranjas em movimentações bancárias atípicas. Um exemplo é Geison Cardoso Carvalho, gerente do Banco Itaú com salário de pouco mais de R$ 5 mil, que movimentou quase R$ 2,7 milhões em apenas 77 dias. Outro cúmplice, um ex-servidor da Assembleia Legislativa de Roraima, com salário de R$ 4 mil, teve mais de R$ 1 milhão creditado em sua conta.

Mesmo com prisão decretada pela Justiça Federal desde o final de 2023, Tiziu segue foragido e, segundo denúncias, continua operando em Roraima. Ele pode pegar até 24 anos de prisão pelos crimes de extração ilegal de recursos minerais, lavagem de capitais, organização criminosa e usurpação de bens públicos.

Antes de se envolver no crime, Tiziu teve carreira política expressiva em Rondônia. Foi deputado estadual e chegou a ser candidato a vice-governador na chapa liderada por João Cahulla, derrotada por Confúcio Moura. Também recebeu o título de Cidadão Honorário de Ariquemes, em moção aprovada pela Câmara Municipal. Após a vida pública, passou a atuar diretamente no garimpo ilegal em terras indígenas, acumulando fortuna por meio de atividades criminosas.

Esquema, liderado pelo ex-deputado Tiziu Jidalias, “lavou” mais de R$ 190 milhões em extração mineral na terra Yanomami

As autoridades seguem em busca do paradeiro de Tiziu, que, apesar da ordem de prisão e provas contundentes, ainda não foi localizado. A Polícia Federal mantém a investigação em andamento e novas medidas judiciais não estão descartadas.

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