Imagens mostram PRF sendo morto por Delegado e Policiais Civis

Um vídeo obtido pela Rede Amazônica mostra o exato momento em que o policial rodoviário federal Ivo Seixas Rodrigues, de 46 anos, foi morto a tiros por um delegado e três agentes da Polícia Civil de Roraima, em abril do ano passado, em Boa Vista. Na última quarta (23) os acusados viraram réus e vão responder à Justiça por homicídio qualificado.

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Os autores da morte de Ivo Seixas, segundo denúncia do Ministério Público de Roraima, são o delegado Paulo Henrique Tomaz Moreira, os agentes Eduardo da Silva Castro, Gilvandro Pascoal Alves e Raimundo Nonato Alves Teixeira; e os amigos deles, Nalmir Brito de Queiroz e Eric Bruno Falcão de Queiroz, que são pai e filho. Todos respondem às acusações em liberdade.

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Na noite do homicídio, um sábado, Ivo, que era PRF do Amazonas, estava hospedado em um hotel no Centro de Boa Vista. Ele estava na capital para reatar um relacionamento com uma ex-namorada.

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Câmeras de segurança do corredor do hotel flagraram quando o delegado e os três agentes, vestindo bermudas, camisa e um deles de chinelo, batem na porta do quarto de Ivo. Todos estavam armados.

Quando a porta se abre, os policiais atiram várias vezes. Ferido, Ivo é arrastado para a porta do quarto e um dos policiais pisa na perna dele. Depois, dois policiais civis usando coletes chegam. Enquanto isso, o PRF agoniza no chão. Cerca de 10 minutos depois ele arrastam Ivo pelo corredor decidem levá-lo ao hospital.

Na época, a Polícia Civil de Roraima divulgou que o PRF Ivo estava escoltando um carregamento de drogas para traficantes e que ele havia sido morto depois uma troca de tiros, após reagir a abordagem. No entanto, a Polícia Federal investigou e descobriu que os policiais civis mentiram.

As investigações da PF apontaram que Ivo não era ligado ao tráfico e foi morto por engano. Duas semanas depois do homicídio, o delegado, os agentes e os outros dois homens que ajudaram a forjar o confronto foram presos na operação “Farsa”.

Segundo as investigações, os policiais foram até o hotel para extorquir um traficante e essa pessoa acabou sendo confundida com o Ivo Seixas. À época, Paulo Henrique era da cidade de Mucajaí, no interior de Roraima, e não tinha atribuição para atuar em Boa Vista e nem ordem judicial para a ação.

O delegado Paulo Henrique chegou a ser afastado das funções após a ação da PF contra ele. No entanto, em março, ele foi nomeado diretor de do Departamento de Operações Especiais (Dopes), setor de elite da Polícia Civil. Após uma carta de repúdio da PRF, o delegado foi exonerado e lotado na delegacia do idoso.

Agora, um ano e meio depois do crime, Ivon Rodrigues, irmão de Ivo, disse que a família não se conforma com a atual situação dos réus e lamenta a posição do governo de Roraima em relação ao caso

“Descaso do governo estadual com relação ao crime que foi cometido por funcionários públicos, por agentes públicos que deveriam estar mais bem preparados e trabalhando para segurança da sociedade. Acabaram matando um inocente por total despreparo”, disse.

Ivo Seixas morava em Manaus. Ele estava na PRF há cinco anos e deixou dois filhos. A esperança da família é que os réus sejam condenados.

“A gente tem esperança de que haja Justiça agora, que o processo ande e que seja feita Justiça. Vamos esperar porque não tem como voltar o tempo. Então o que nos resta é esperar que sejam punidos e que o governo não apoie o trabalho de pessoas tão despreparadas como essas.”

O processo tramita na 1º Vara do Tribunal do Júri da Justiça Militar, em Boa Vista, e a denúncia foi aceita pela juíza substituta Rafaella Holanda Silveira. Agora, os réus tem um prazo de 10 dias para apresentar defesa.

O que dizem os réus:

À Rede Amazônica, por telefone, o delegado Paulo Henrique disse que não vai se pronunciar e que o caso corre sobre segredo de justiça. O agente Eduardo Castro disse que na ação policial agiu de forma legítima e naquele momento estava subordinado a um delegado de polícia.

A defesa do agente Gilvandro Pascoal, disse que o caso está em segredo de Justiça, mas que no decorrer do processo vai provar a inocência do cliente.

Em relação ao agente Raimundo Nonato, as ligações não foram atendidas. A corregedoria da Polícia Civil de Roraima informou que estão em andamento os três processos administrativos disciplinares para verificar a conduta dos policiais civis.