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Polícia Militar mata 17 pessoas em Manaus

A Polícia Militar matou 17 pessoas na madrugada desta quarta-feira (30) em Manaus, em suposta ação contra o tráfico de drogas. Nenhum policial se feriu. De acordo com a versão oficial, policiais interceptaram traficantes que se preparavam para tomar uma boca de fumo no bairro Crespo, na zona sul da cidade. Eles teriam reagido a tiros à abordagem.

Às 9h30 da manhã, os policiais também balearam mais um suposto traficante na região das mortes, um labirinto de palafitas sobre o igarapé 31 de março. Ao menos outras três pessoas foram presas. A região tem diversas pichações com as iniciais do Comando Vermelho.

A ação contou com homens das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam), considerada a unidade mais violenta da polícia amazonense, e da Força Tática. Sempre segundo o relato oficial, foram apreendidas 17 armas de fogo.

Segundo o comandante-geral da PM no Amazonas, Ayrton Norte, cerca de 50 criminosos, que estavam em um caminhão baú, preparavam-se para atacar os rivais quando foram interceptados por viaturas policiais.

Em entrevista coletiva realizada no início da manhã desta quarta, o comandante-geral informou que a primeira troca de tiros ocorreu antes das 3h, entre criminosos e policiais da Força Tática da PM, que apreenderam uma arma de grosso calibre e um carro roubado. Em seguida, uma denúncia anônima levou os policiais a interceptarem o caminhão que transportava os traficantes.

“Infelizmente eles quiseram ir pro confronto e nós saímos vitoriosos”, relatou o comandante. Segundo Norte, nenhum policial foi ferido na ação e as viaturas não foram atingidas pelos disparos. O caminhão-baú não foi localizado pela polícia após a troca de tiros, bem como os demais criminosos.

“Não temos informações de presos nem de feridos”, informou Norte.

Um dos mortos é o adolescente Alexsandro Custódio de Carvalho, 16, segundo seus familiares. O IML (Instituto Médico Legal) não havia confirmado oficialmente -até as 10h locais (1h a menos que em São Paulo)-, se Carvalho foi assassinado na ação policial.

À espera de notícias, seu tio Christhophe Carvalho, 40, disse que o adolescente era membro de uma facção criminosa, com passagens pela polícia, mas disse que moradores da região negaram que houve confronto.

“Uma moradora falou que o filho dela foi morto sem ter nada a ver e que não houve troca de tiros, e sim que isolaram e foram dando tiro. Eu não posso confirmar nada, mas foi o que os moradores falaram, disse Christhophe, que trabalha como contador.

Manaus é rota do tráfico de cocaína do rio Solimões, que passa pela Colômbia e Peru. A disputa pelo controle tem envolvido as facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Família do Norte (FDN), que recentemente se dividiu em dois grupos.

Menos de 12 horas depois do fim do suposto confronto, os becos do bairro Crespo voltaram a ser palco de uma troca de tiros. Por volta das 10h da manhã, um homem foi baleado por policiais militares e preso, após atirar contra os PMs.

Foi o que informou o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Louismar Bonates, que revelou ainda que o suspeito, que foi encaminhado para um hospital, portava uma pistola calibre 38 com duas munições deflagradas.

“O trabalho da polícia não é esse tipo de confronto, é prender as pessoas. Mas se eles vierem levantar arma e trocar tiro com a polícia, infelizmente, as suas famílias é que vão chorar pelo ente perdido”, declarou Bonates, em entrevista coletiva.

Questionado sobre a quantidades de mortos e nenhum policial baleado, ele atribuiu à perícia e treinamento e negou que a polícia atire para matar. “A polícia não mata. A polícia intervém tecnicamente. Poderá vir a óbito”.

Bonates disse ainda não ter medo de retaliações por parte das facções criminosas. “Não estamos preocupados com represália. A polícia está 24 horas na rua trabalhando, não tem porque ter alguma represália porque não fizemos nada irregular”.

Entre janeiro e agosto deste ano foram registradas 49 mortes por intervenção policial no Amazonas, quase o dobro do ano passado, quando foram registradas 25 ocorrências no mesmo período.

A secretaria afirmou que as mortes por autos de resistência são “um ato de legítima defesa própria ou dos colegas de farda, previsto no Código Penal”. Ainda assim, todo caso é apurado através de sindicância investigativa pela Corregedoria e abertura de um inquérito junto à Polícia Civil.

O IML, que reforçou o efetivo de servidores para acelerar a identificação dos corpos, não informou prazo para conclusão dos trabalhos.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, se manifestou nas redes sociais. “Nós não vamos descansar enquanto nosso povo não se sentir seguro. Estamos trabalhando para garantir a segurança do cidadão que sai para trabalhar, todos os dias, para sustentar sua família, e para resguardar as vidas dos nossos policiais que estão nas ruas para nos proteger. Infelizmente, nessa batalha, perdem as famílias dos que se envolvem com o que é errado, mas ganha o cidadão de bem”.

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