A tão esperada construção da ponte binacional entre Brasil e Bolívia, em Guajará-Mirim, enfrenta mais um obstáculo que promete atrasar ainda mais o início das obras. O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou, na última quarta-feira (28), a paralisação imediata do processo e ordenou que a análise das propostas das empresas participantes da licitação seja reiniciada do zero.
A decisão do TCU vem após o Consórcio Mamoré, desclassificado da licitação por supostamente não cumprir todas as exigências do edital, recorrer ao tribunal, alegando que a exclusão foi indevida. O TCU deu provimento parcial ao recurso, destacando que houve um erro que poderia ter prejudicado o consórcio. Com isso, todo o processo licitatório precisará ser revisado, reiniciando as avaliações das propostas.
O contrato, que inicialmente havia sido destinado ao Consórcio Construbase, que apresentou um valor superior ao da concorrência, agora está em suspenso, e não há previsão clara de quando as obras começarão.
A construção da ponte, aguardada há mais de 120 anos, foi originalmente prevista no Tratado de Petrópolis, acordo firmado entre Brasil e Bolívia em 1903, que resultou na anexação do Acre ao território brasileiro. O projeto prevê uma ponte com 1.200 metros de extensão, ligando as cidades de Guajará-Mirim, no Brasil, e Guayaramerín, na Bolívia. Com um investimento estimado entre R$ 120 milhões e R$ 125 milhões, a obra tinha um prazo de conclusão de 36 meses, mas agora, com as recentes complicações, o cronograma está incerto.
Impactos e Expectativas
A ponte binacional é vista como uma obra estratégica para o desenvolvimento da região, facilitando o comércio e o trânsito entre os dois países. A expectativa inicial era que as obras começassem ainda este ano, conforme anunciado pelo governo brasileiro. No entanto, com a nova decisão do TCU, a construção da ponte enfrenta um futuro incerto, com a possibilidade de uma longa batalha judicial à vista.
Moradores de Guajará-Mirim e autoridades locais expressaram frustração com o novo atraso. “Estamos esperando essa ponte há mais de um século, e cada vez que parece que estamos perto de realizá-la, surge um novo obstáculo”, lamentou um líder comunitário local.
Com a revisão do processo licitatório, as esperanças de que a construção da ponte comece ainda este ano foram abaladas. Agora, a região aguarda os desdobramentos da decisão do TCU e torce para que, finalmente, a ponte binacional se torne realidade, trazendo os benefícios econômicos e sociais tão esperados para Guajará-Mirim e toda a região fronteiriça.