A recente decisão da companhia aérea Azul de pedir recuperação judicial acendeu o alerta em todo o país — e em Rondônia, acentuou ainda mais um problema antigo: o descaso com o transporte aéreo na região Norte. Como uma das primeiras medidas, a empresa anunciou o corte de até 35% de suas rotas. O resultado? Menos voos para destinos estratégicos e um prejuízo ainda maior para estados como Rondônia, que já enfrentam uma malha aérea extremamente limitada e tarifas altíssimas.
Historicamente deixado de lado pelas companhias aéreas, Rondônia tem convivido com uma escassez crônica de voos e preços que figuram entre os mais caros do país. Mesmo com o aeroporto internacional de Porto Velho tendo sido reformado nos últimos anos, o número de voos disponíveis permanece aquém da demanda. As aeronaves operam frequentemente lotadas, e a população é obrigada a pagar tarifas elevadas por um serviço limitado.
Enquanto isso, estados vizinhos como o Acre, que possuem população e infraestrutura menores, conseguem manter valores mais acessíveis, numa disparidade que não encontra justificativa lógica — apenas a falta de atenção do setor e das autoridades reguladoras.
Para piorar, decisões judiciais que antes amparavam os consumidores afetados por atrasos, cancelamentos ou falhas nos serviços, agora têm mudado de rumo. Em um caso recente, um juiz da Justiça Federal recusou liminar que buscava proteger os consumidores de Rondônia, transferindo a responsabilidade para o Ministério Público Federal, sob o argumento de que o tema é “complexo”.
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que deveria exercer papel de fiscalização e defesa do consumidor, tem se mantido inerte diante da crescente insatisfação da população com o sistema aéreo. A sensação é de abandono.
Em meio a cortes, falta de alternativas e tarifas que não cabem no bolso, a população de Rondônia segue refém de um sistema aéreo que pouco a atende. Diante desse cenário, cresce o questionamento: quem poderá, de fato, proteger os rondonienses diante desse colapso anunciado?