Na véspera de sua morte, o Papa Francisco fez sua última aparição pública em um gesto de profunda humanidade e espiritualidade. No Domingo de Páscoa, 20 de abril, o pontífice, já visivelmente debilitado pela pneumonia, surgiu brevemente na sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano, para acompanhar a cerimônia pascal e deixar seu derradeiro apelo ao mundo: paz entre os povos e socorro aos inocentes.
Sem condições clínicas de presidir a tradicional missa, Francisco foi representado por um assessor, que leu a mensagem de Páscoa escrita por ele. Mesmo frágil, fez questão de oferecer pessoalmente a bênção “Urbi et Orbi” — à cidade e ao mundo — em um dos gestos mais simbólicos de seu pontificado.
No centro da mensagem, o papa clamou por um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, destacando o sofrimento do povo palestino. “A situação em Gaza é dramática e deplorável”, dizia o texto. Ele também pediu a libertação dos reféns ainda sob poder do grupo Hamas e condenou com firmeza o aumento do antissemitismo em várias partes do mundo.
“Faço um apelo às partes em conflito: declarem um cessar-fogo, libertem os reféns e venham ajudar um povo faminto que aspira a um futuro de paz”, afirmou.
Francisco, que ao longo dos últimos meses já havia se manifestado contra a ofensiva israelense, classificando a crise humanitária em Gaza como “vergonhosa”, retomou seu tom direto e pastoral diante da multidão reunida na Praça de São Pedro.
Antes de se retirar, mesmo com dificuldade para falar, ergueu a voz em um fio de esperança e desejou aos fiéis: “uma boa e santa Páscoa”.
Menos de 24 horas depois, às 7h35 da manhã de segunda-feira, 21 de abril, o Papa Francisco faleceu em sua residência no Vaticano.
Sua última mensagem ecoa como um testamento espiritual — um clamor pelo fim da violência, pelo respeito à dignidade humana e pela construção de um mundo onde o diálogo e a solidariedade sejam mais fortes que as armas.