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A cada dez professores formados no país, seis fizeram graduação a distância

Segundo o estudo, dos 235 mil concluintes de 2020, mais de 133 mil (56,7%) fizeram graduação em faculdades particulares a distância.
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A cada dez professores formados no país em 2020, seis cursaram a graduação a distância. Dos cerca de 235 mil que concluíram cursos de licenciatura e pedagogia, 143 mil estudaram nessa modalidade.

Os dados são de um levantamento feito pelo Todos Pela Educação, com dados do Censo da Educação Superior de 2020. O estudo mostra que o número de professores formados em cursos a distância mais do que dobrou nos últimos dez anos. Em 2010, os concluintes nessa modalidade eram 31% do total –cerca de 71 mil formandos.

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Na modalidade presencial, tanto na rede pública como privada, o número de concluintes de cursos de formação inicial de professores diminuiu neste período –passando de 160 mil para 91 mil, em 2020.

O crescimento do número de professores formados a distância é impulsionado sobretudo pelo setor privado, que apostou na expansão de cursos nessa modalidade para aumentar a quantidade de alunos matriculados.

Segundo o estudo, dos 235 mil concluintes de 2020, mais de 133 mil (56,7%) fizeram graduação em faculdades particulares a distância.

Para Gabriel Côrrea, líder de políticas educacionais do Todos Pela Educação, a modalidade, que deveria ser uma exceção, se tornou a principal estratégia de formação docente no país, sem que haja fiscalização e regulação da qualidade dos cursos.

“É uma situação extremamente séria, que vai na contramão do que indicam estudos internacionais e da prática dos países que têm melhores indicadores educacionais. A boa formação de professores precisa estar voltada para a prática, para o ato de ensinar. Um curso a distância não garante isso.”

Em 2019, o Ministério da Educação aprovou novas diretrizes para a formação de professores para ampliar o foco em atividades práticas. Pelas regras, os cursos a distância devem ter carga horária de ao menos 3.200, sendo 800 horas (o equivalente a um ano da graduação) focadas na prática pedagógica –a mesma distribuição vale para as graduações presenciais.

“A diferença é que, em um curso presencial, o aluno debate com seus colegas, simula situações de uma sala de aula real. Na modalidade a distância, ele não tem essa troca, fica focado apenas na teoria”, diz Côrrea.

Estudos nacionais, que embasaram a mudança das diretrizes das graduações, apontaram que as licenciaturas são excessivamente teóricas e descoladas da realidade da sala de aula.

A proporção de professores formados a distância é superior à das demais carreiras. A média das demais graduações do país é de que os cursos a distância correspondem a 24,6% dos concluintes.

“Essa desproporção em relação às demais carreiras mostra como o Brasil não leva a sério a formação de professores”, diz o especialista.

Ele lembra ainda que a expansão dos cursos a distância, acentuada a partir de 2013, ocorreu sem que fossem fortalecidos instrumentos de avaliação dos cursos e sanções àqueles que têm qualidade inadequada.

“Não houve crescimento da procura por cursos de pedagogia e licenciatura, mas a migração do curso presencial para o ensino a distância. E não há um controle da qualidade.”

A reportagem procurou o Ministério da Educação para comentar os dados, mas não obteve resposta.

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