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Estudo revela que álcool no trânsito ceifa 1,2 vidas brasileiras por hora

Hospitalizações causadas por álcool e direção crescem 34% no país
Agência Brasil
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No dia 19 de junho, a Lei Seca completou 15 anos de vigência no Brasil, marcando um marco na luta contra a violência no trânsito. Para relembrar essa data, o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) divulgou um dossiê baseado em dados do Ministério da Saúde, que revela o preocupante cenário dos acidentes causados pelo uso de álcool no país.

Segundo o documento, em 2021, 10.887 pessoas perderam a vida devido à combinação perigosa entre álcool e direção, resultando em uma média assustadora de 1,2 óbitos por hora. Esses números são alarmantes, considerando que as mortes causadas pelo álcool no trânsito são totalmente evitáveis, bastando não consumir bebidas alcoólicas antes de dirigir.

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Apesar da gravidade da situação, houve uma redução de 32% na taxa de mortes por 100 mil habitantes em relação a 2010, quando a Lei Seca tinha apenas dois anos de implementação. Durante esse período, o número de mortes anuais diminuiu de sete para cinco por 100 mil habitantes.

Entretanto, as hospitalizações relacionadas a acidentes de trânsito aumentaram em 34%, passando de 27 para 36 internações a cada 100 mil habitantes. Esse crescimento foi impulsionado pelos acidentes envolvendo ciclistas e motociclistas, enquanto as hospitalizações de ocupantes de veículos e pedestres causadas pelo consumo de álcool apresentaram queda.

De acordo com o pesquisador do Cisa, Kaê Leopoldo, esse aumento nas hospitalizações de ciclistas e motociclistas pode ser atribuído ao crescimento da frota de motocicletas e ao aumento de motoboys e entregadores, que agora trabalham em horários nos quais podem encontrar outros motoristas embriagados.

Os números de óbitos e hospitalizações variam significativamente de acordo com os estados brasileiros. Enquanto Tocantins, Mato Grosso e Piauí registram mais de nove óbitos por 100 mil habitantes devido a acidentes relacionados ao consumo de álcool, Amapá, São Paulo, Acre, Amazonas, Distrito Federal e Rio de Janeiro têm taxas abaixo de quatro óbitos por 100 mil habitantes.

Essas diferenças podem ser atribuídas a vários fatores, como a implementação de políticas públicas, fiscalização, densidade de blitz, fatores culturais, frota de veículos e qualidade das estradas. Segundo o pesquisador, é difícil compreender totalmente as razões por trás dessas disparidades.

Mariana Thibes, socióloga e coordenadora do Cisa, destaca a importância de aumentar a fiscalização nas ruas e implementar campanhas educativas por parte das autoridades locais. Ela ressalta que a educação da população desempenha um papel fundamental na segurança viária e que, mesmo com leis existentes, a falta de continuidade na fiscalização pode diminuir o impacto na redução das mortes no trânsito.

O perfil das vítimas de acidentes relacionados ao consumo de álcool é majoritariamente masculino. Cerca de 85% das hospitalizações e 89% das mortes causadas pelo álcool envolvem homens. Além disso, a faixa etária mais afetada é de 18 a 34 anos.

O Cisa ressalta que não há um limite seguro para o consumo de álcool antes de dirigir. O psiquiatra e presidente do Cisa, Arthur Guerra, enfatiza que até mesmo pequenas quantidades de álcool são capazes de afetar os reflexos do condutor, e o aumento da concentração de álcool no sangue aumenta significativamente o risco de envolvimento em acidentes graves de trânsito, afetando a atenção, a percepção de velocidade, o tempo de reação, a sonolência, a visão periférica e outras habilidades neuromotoras.

Ainda há muito a ser feito para combater a violência no trânsito causada pelo consumo de álcool. A conscientização, a fiscalização efetiva e o investimento contínuo em políticas públicas são essenciais para proteger a vida dos brasileiros nas estradas.

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