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Centro de Referência de Doença Trofoblástica de Rondônia detalha sua atuação em congresso sul-americano

O Centro de Referência de Doença Trofoblástica de Rondônia (Centrogesta) mostrará nesta sexta-feira (23), no 20º Congresso Brasileiro e 6º Congresso Sul Americano, a maneira como vem atuando na diminuição da mortalidade materna em gestantes no Estado de Rondônia, desde 2014, no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho.

A médica ginecologista e pós-graduada, diretora do Centro, Maria Rita de Cássia Alves Ferreira e a psicóloga da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), Rosi Brito participarão da videoconferência do 20º Congresso Brasileiro e 6º Congresso Sul Americano sobre essa enfermidade, que até pouco tempo atrás era desconhecida em Rondônia.

Os eventos foram abertos na quinta-feira (22) e serão concluídos nesta sexta-feira. Em 2019, o Centrogesta fez o primeiro perfil epidemiológico dessa doença em Rondônia. A estatística será oficialmente anunciada durante o Congresso.

Durante o tempo destinado às delegações da Amazônia, das 14h às 16h, médica Rita de Cássia, e a psicóloga Rosi Brito, resumirão o trabalho do órgão desde 2014, quando foi criado, no âmbito do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro.

O Congresso é presidido pela professora Sue Yazaki Sun, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), tem a presença de médicos professores brasileiros e estrangeiros de faculdades de medicinas e universidades, e do secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, professor Raphael Câmara.

Entre outros nomes nacionais e internacionais, estão presentes o diretor do Centro de Doenças Trofoblásticas do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Bruno Maurizzio Grillo, também decano da Sociedade Brasileira de Doenças Trofoblásticas. E o médico especialista Antonio Braga, professor de obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que recebe regularmente pacientes de Rondônia. Em 2015, o diretor veio a Porto Velho para uma palestra e conheceu o atendimento do Centrogesta.

MORTALIDADE MATERNA

O Centrogesta atende mulheres com mola hidatiforme [do grego-latino molar, massa e hydatisiaforme, aquosa], um distúrbio da gravidez em que a placenta e o feto não se desenvolvem adequadamente.

Diversas mulheres de Porto Velho acometidas por mola hidatiforme trofoblástica tiveram licença para engravidar e geraram bebês saudáveis de cinco anos para cá.

Diminuir a mortalidade materna, esta é a chave do êxito do atendimento desse órgão que também envia pacientes pelo SUS para tratamento no Instituto Nacional do Câncer (Inca), e na Maternidade Escola da UFRJ, ambos naquela Capital.

O Centrogesta atende em uma sala da Unidade de Oncologia, no ex-Hospital Barretinho, e faz parte de uma rede nacional [que integra a internacional]. Seu trabalho se destaca como “o único diferenciado na Amazônia”.

A doença trofoblástica gestacional é a proliferação de tecido trofoblástico em gestantes ou em mulheres que tenham passado recentemente por uma gestação.

As manifestações podem incluir aumento excessivo do útero, vômitos, sangramento vaginal e pré-eclâmpsia, em especial durante o início da gestação.

O diagnóstico é feito por dosagem da subunidade beta da gonadotrofina, ultrassonografia pélvica e confirmação por biópsia. Os tumores são removidos por curetagem. Se a doença persistir após a remoção, indica-se quimioterapia.

HISTÓRIA DE LUTA

A médica Rita de Cássia Alves Ferreira apresentará o quadro estadual da doença trofoblástica gestacional, e a psicóloga Rosi Brito, mostrará o perfil da equipe.

Por que o destaque no cenário nacional? “Por dois motivos: primeiramente, porque até então ninguém tinha feito nenhum trabalho específico de rede de apoio”, responde a psicóloga.

Ela aproveitava os momentos de viagens aos municípios do interior, para trabalhar a vigilância do câncer, a sensibilização, ao mesmo tempo em que treinava as equipes do Programa Saúde da Família para identificarem a doença.

Claudionor e Leiliane com o filho Jean, no início de 2020; ela teve gravidez molar

E dessa maneira, médicos, enfermeiros e equipes das unidades hospitalares daquele programa e de unidades e maternidades aderiam ao trabalho de identificação. “Quem estivesse disposto, se juntava à nossa equipe”, assinalou.

Anteriormente, só havia pacientes de “mola” em Porto Velho e alguns municípios da BR-364. Atualmente, o Centrogesta dispõe do perfil da doença por município. Segundo Rose, existe uma demanda de pacientes também de municípios fora do eixo da rodovia, incluindo os mais distantes.

“O segundo aspecto da nossa participação é o fato de o Inca ter observado o trabalho diferenciado feito por duas pessoas (ela e a médica Rita de Cássia) atendendo o Estado todo”, assinala Rosi Brito.

A apresentação de dados a respeito da ocorrência e do tratamento da doença em Rondônia poderá resultar em recursos humanos e financeiros para o Centrogesta. “Dependemos de mais esse apoio”, assinala Rose.

DEZ ANOS DE ESTUDOS
A mola hidatiforme passou a ser atendida melhor e estudada em setembro de 2014, data de criação do Centro.

“Quanto mais as pacientes chegarem para nós de maneira precoce, melhores são as possibilidades de recuperação; a mola tem cura de 100%”, assinala Rita.

A chamada doença trofobástica gestacional vem sendo estudada há dez anos em Rondônia. Da sala onde inicialmente atendia as pacientes no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, a médica passou para a sala no Barretinho em 2019.

PORTAS ABERTAS
As células do embrião formam sacos de líquidos. Também pode ser chamado de tumor trofoblástico gestacional. Gravidez molar é um dos alvos da atenção de especialistas no Hospital de Base Ary Pinheiro. A maior parte das 121 atuais pacientes com mola segue em tratamento.

“Se a mulher estiver gestante e com enjôo desproporcional, pode conversar com sua equipe do pré-natal”, recomenda Rita de Cássia, e acrescenta que “as portas estão abertas para prevenir consequências mais sérias; quando o tecido placentário anormal cresce, dizemos que a paciente desenvolveu uma neoplasia troflobástica gestacional”, explicou.

São parceiros do Centrogesta: o médico Paulo Giroldi e equipe do Laboratório de Patologia e Análises Clínicas (Lepac); a médica patologista Cindy Bariani; a psicóloga Rosi Brito, também voluntária do serviço; Unidade de Oncologia do HB; Hospital São Pelegrino; Hospital de Amor da Amazônia; e enfermeiros da unidades básicas de saúde no interior do Estado.

SAIBA MAIS
► Quando a mulher começa a sangrar, vai para a maternidade, onde tem a mola hidatiforme identificada. A mola ocorre a partir de tecido placentário no início da gravidez, quando o embrião não se desenvolve normalmente.

► O tumor da placenta se apresenta sob a forma de um aglomerado de cistos semelhantes a um cacho de uvas. A causa decorre de defeitos na formação de espermatozoides ou de óvulos, ou ainda, da união anormal dessas duas cédulas.

► A mola parcial e completa pode evoluir para forma persistente, e a mola completa é caracterizada pela ausência de embrião. Na mola parcial existe tecido placentário junto com os silos e há o embrião, entretanto, mesmo que ele esteja presente é importante saber se não se trata de embrião normal, devido à má formação fetal, o que é incompatível com a sua sobrevivência.

► Na hora da fecundação, para a formação de um bebê, a mulher precisa ter 46 cromossomos, 23 dela e 23 do homem. Em algum momento, o óvulo, ou o espermatozoide não contêm, formando-se células anômalas.

► Assim, o bebê não se forma, e as células anômalas precisam ser aspiradas, não podem ser curetadas. Se elas não saírem, entrarão pela corrente sanguínea, indo para o cérebro, pulmão ou baço.

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