2023 foi marcado por mudanças severas nas paisagens naturais de Rondônia. O ano começou com os rios cheios, que provocaram alerta da Defesa Civil e deixou famílias desabrigadas no interior do estado, à seca história do maior rio do estado, que chegou a colapsar o sistema de geração de energia elétrica.
Histórias da cheia
Chuvas intensas, comuns no “inverno amazônico”, fizeram com que o rio Madeira atingisse a cota de atenção ainda no começo no ano. Com 14 metros, o rio chegou a marca que indica possibilidade moderada de ocorrência de inundação.
No interior do estado, famílias ficaram desabrigadas, pontes desmoronaram e o serviço de travessia de balsa teve que ser suspenso, tudo devido a cheia dos rios.
Estiagem severa
Com o fim do “inverno amazônico” e a chegada do “verão amazônico”, o cenário natural foi mudando aos poucos. Em setembro, a Defesa Civil emitiu um alerta quanto a possibilidade do rio Madeira atingir o menor nível já registrado na história.
Na ocasião, o transporte de cargas foi restrito e o abastecimento de água era motivo de preocupação para a Companhia de Água e Esgoto da capital rondoniense.
E então, semanas depois, o rio Madeira atingiu níveis mínimos históricos em consequência da seca que afetou toda a região Norte do país. A imensidão de água deu lugar a bancos de areia gigantes e “montanhas” de pedras no meio do “rio”.
Montanhas gigantes de areia e pedrais durante a seca do rio Madeira — Foto: Thiago Frota / Rede Amazônica
Ao atingir 1,43 metros e chegar ao que seria o menor nível já registrado na história, a Defesa Civil decretou estado de alerta na capital rondoniense.
Em outubro, o recorde: o rio Madeira chegou a marca de 1,10m, revelou o Boletim de Monitoramento Hidrológico do Serviço Geológico do Brasil (CPRM/SGB).
A seca deixou milhares de ribeirinhos sem água e formou “montanhas de pedras” e bancos de areia gigantes no meio do rio.
A seca histórica também provocou a suspensão das atividades de uma das maiores hidrelétricas do Brasil, causou transtornos no transporte de mercadorias e fez com que uma das maiores linhas de transmissão de energia elétrica do país, o Linhão do Madeira, fosse desligado.
No começo do dezembro, o governo de Rondônia decretou estado de calamidade, já que quase 20 municípios de Rondônia entraram em estado crítico ou em situação de alerta no fornecimento de água potável para a população.
E a notícia não é boa, já que segundo especialistas, a seca está ligada a dois fatores que impedem a formação de chuvas na região: o aquecimento das águas no Atlântico Norte e o fenômeno El Niño, que dura aproximadamente três anos, ou seja, seus reflexos serão sentidos até meados de 2025.
Veja fotos:
Rio Madeira fica verde durante seca extrema — Foto: Redes Sociais
Famílias foram retiradas de casa no fim de semana devido á cheia do rio Jaru — Foto: Defesa Civil de Jaru/Reprodução
Travessia de balsa é suspensa em Alto Paraíso, RO, por causa da cheia do Rio Jamari — Foto: Reprodução
O que antes era o rio Madeira se transformou em algo desconhecido — Foto: Thiago Frota / Rede Amazônica
Seca histórica do rio Madeira revela paisagem semelhante a deserto em Porto Velho (RO) — Foto: Emily Costa/ G1 RO