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Ainda este mês, Funai deverá apresentar solução para o caso do “Índio do Buraco”

Confira as notas do dia, por Cícero Moura.
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Reprodução/AGÊNCIA CENARIUM

EREMITA

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Está na Justiça o espólio de um homem sem família ou com qualquer tipo de parente, que viveu praticamente isolado  em  Rondônia. Seu único bem material, é uma área de 8.070 hectares onde somente ele morava.

Divulgação/MPRO

AÇÃO

Indígenas, Ministério Público Federal  e um grupo de pessoas não indígenas aguardam  que a Justiça Federal decida o destino da área habitada até 2020, pelo indivíduo conhecido como Tanaru, ou o “Índio do Buraco”.

Tanaru viveu ao menos 26 anos em isolamento voluntário, evitando o contato com outros seres humanos, incluindo indígenas que habitam as redondezas da área equivalente a 8 mil campos de futebol, nas cidades de Chupinguaia, Corumbiara, Parecis e Pimenteiras do Oeste.

Acervo/Funai

VIGILÂNCIA

Segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), cujos servidores o monitoravam a distância desde 1996, quando o avistaram pela primeira vez, Tanaru era o “único sobrevivente de sua comunidade, de etnia desconhecida”.

HISTÓRICO

Para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), com a morte dele, “desapareceu mais uma cultura milenar”.  Em agosto de 2022, Tanaru foi encontrado morto.

Divulgação/Funai

RÚSTICA

Estava deitado em uma rede, no interior da última das muitas palhoças que havia construído  ao longo dos anos – a Funai tem registros de ao menos 53 delas.

“NATURAL”

O corpo estava preservado e  com adereços como um colar no pescoço, um chapéu e enfeites de penas. Nenhum ferimento ou indício da passagem de outra pessoa pelo local foi identificado.

Divulgação/MPRO

SEM CATÁLOGO

Tanaru morreu sem que sua etnia tivesse sido identificada.  Ninguém nunca soube ao certo que idioma ele falava ou qual era sua idade aproximada.

REGIÃO

Ficou o mistério de como ele terminou sozinho, em uma área florestal cercada por fazendas cuja vegetação original foi quase toda eliminada.

POSSIBILIDADE

A hipótese mais provável é que ele era o último representante de um povo dizimado em meio à intensificação da colonização de Rondônia, na segunda metade do século passado, quando dezenas de povos indígenas habitavam a região.

Reprodução/Museu Virtual Rondonia

DESCONFIADO

De pouca conversa, Tanaru flechou um servidor da Funai que tentou se aproximar dele em 2005. Não demonstrava temer as pessoas, pois chegou a construir  algumas de suas palhoças  entre a área que a União destinou ao seu usufruto exclusivo e as fazendas ao redor.

“PRESENTES”

Costumava  aceitar  os objetos (machados, facões,etc.) e as sementes que os servidores da Funai lhe deixavam com o intuito de estimulá-lo a plantar alguns alimentos para consumo próprio.

“RESTOS”

Os restos mortais de Tanaru só foram enterrados no início de novembro de 2022, mais de dois meses após sua morte. Para isso, o MPF teve que ingressar com uma primeira ação na Justiça Federal, pedindo que a Funai fosse obrigada a sepultar o indígena no mesmo local onde seu corpo foi encontrado e seguindo as tradições indígenas regionais.

“CONGELADO”

Na  gestão de  Jair Bolsonaro, a Funai alegava não ter a obrigação legal de sepultar o indígena, cujo corpo permanecia acondicionado na unidade da Polícia Federal em Vilhena (RO), onde tinha sido submetido a autópsia.

MEDIDA

Em dezembro de 2022, o MPF voltou a recorrer à Justiça contra a União e a Funai. Desta vez para obrigar os órgãos federais a transformarem o território em que Tanaru viveu em uma área pública, de proteção socioambiental.

DESINTERESSE

Apesar da presença indígena na região, incluindo alguns grupos de recente contato, como os kanoé e akuntsú, a Funai nunca promoveu os estudos antropológicos necessários à delimitação e reconhecimento da terra indígena.

AINDA ESTE MÊS

A Justiça Federal em Rondônia agendou para a segunda quinzena de julho uma audiência de conciliação entre as partes. Durante os 26 anos em que monitorou Tanaru, a fundação limitou-se a, de tempos em tempos, renovar suas portarias de restrição de uso, interditando o acesso de não indígenas à área – que a Funai denominou Terra Indígena Tanaru “para fins de controle administrativo”.

DONO LEGÍTIMO

“Este território já devia ter sido demarcado há muito tempo, e a morte do Tanaru não muda o fato de que essas terras eram ocupadas por indígenas desde tempos imemoriais e, portanto, pertencem à União”, afirmou à Agência Brasil o procurador da República Daniel Luis Dalberto, autor da ação junto com o procurador Leonardo Caberlon.

AUTORIZAÇÃO

“Como se trata de um bem da União em relação ao qual não podemos transigir [ceder], pedimos ao Poder Judiciário que determine a obrigação da União, da Funai, de demarcá-la para então decidirmos, coletivamente, junto com os indígenas do entorno, o destino mais apropriado à área”, enfatiza Dalberto.

PROTEÇÃO

A finalidade é proteger a área, seja na forma de um memorial dedicado a Tanaru e à resistência dos povos indígenas, seja como uma área de proteção e destinação socioambiental”, acrescentou o procurador.

OUTRO LADO

A Agência Brasil  procurou a prefeitura de Corumbiara, mas não recebeu resposta. Cerca de 30% da área que o MPF pede que seja transformada em uma unidade de conservação estão localizados no município. Outros 50% ficam em Pimenteiras do Oeste, cuja prefeita, Valéria Garcia (PP), disse, por mensagem de áudio, que “nunca ouviu falar” sobre a polêmica envolvendo a área.  (Fonte: Agência Brasil)

JUSTIÇA

O Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO) realiza entre os dias 25 de julho a 3 de agosto a 2ª edição da Justiça Rápida Itinerante Fluvial deste ano. A primeira aconteceu no mês de junho na região ribeirinha de Porto Velho. Dessa vez o barco da Justiça vai até a área de fronteira, em Guajará-Mirim.

Divulgação

ROTEIRO

Durante as duas semanas o projeto levará atendimentos para as localidades de Deolinda, Barranquilha, Sotério, Ricardo Franco, Baia das Onças e Surpresa.

FINALIDADE

O projeto tem como missão ampliar o acesso à Justiça para a população que mora longe dos grandes centros urbanos, solucionando demandas de maneira ágil e eficaz, garantindo direitos aos cidadãos de forma simplificada, gratuita e humanizada.

TRABALHOS

Serão oferecidos atendimentos na área jurídica e de cidadania, como reconhecimento de paternidade, correção de certidão de nascimento, casamento e óbito, cobrança de pequenos valores, divórcio, guarda de menores entre pais, conversão de união estável em casamentos e mais.

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