Moradores de Porto Velho têm registrado o aparecimento de serpentes venenosas em residenciais do município, após o início do período de chuvas em setembro. Na última semana, foram encontradas cobras jararaca e coral-verdadeira, consideradas as serpentes mais perigosas do Brasil, em áreas urbanas.
Conforme o biólogo Flávio Terassini, depois das chuvas é muito comum o aparecimento de animais peçonhentos em ruas e residências na zona urbana das cidades, principalmente serpentes. Isso porque, a água da chuva acaba inundando a toca onde os animais se escondem, e por isso eles procuraram refúgio e alimentos na cidade.
Segundo o Corpo de Bombeiros, não houve nenhum aumento no número de ocorrências por resgate de serpentes em Porto Velho, e quando há casos, são de aparecimento de sucuris e jiboias, espécies não venenosas. A corporação explicou que, geralmente, a incidência no município se dá mais devido às queimadas do que ao período de chuvas.
Espécies mais perigosas do Brasil: Coral-verdadeira e Jararaca
No Brasil, pode-se diferenciar as espécies de serpentes mais “perigosas” em duas categorias: potência do veneno e frequência de acidentes.
A coral-verdadeira, encontrada no residencial do Bairro Novo, possui o veneno mais tóxico de todas as serpentes peçonhentas do Brasil. O envenenamento por ela tem reação neurotóxica, que atinge o sistema nervoso e interrompe todos os comandos dados pelo cérebro.
Conforme estudos, após ser picado pela coral, as chances de sobrevivência são de 50%, com possibilidade de sequelas severas.
Já a Jararaca, encontrada no residencial da zona Leste, é considerada a mais perigosa por risco de acidentes, já que a espécie é caracterizada pelo comportamento arisco de defesa, além de viver em diversos tipos de habitat e ser abundante no Brasil.
De acordo com o herpetólogo Willianilson Pessoa, famoso especialista em serpentes, mais de 90% dos acidentes com cobras no Brasil são causados por jararacas.
Como diferenciar a coral-verdadeira da falsa?
Segundo Flávio, não são todas as cobras corais que possuem as cores vermelha, preta e branca. Apesar da característica ser comum na espécie, algumas corais encontradas na região Norte são pretas com anéis brancos, amarelos ou em laranja, como a encontrada no Bairro Novo.
É importante ressaltar que as corais são espécies pequenas, podendo atingir até 1,5 metros, o que faz ela ser confundida com espécies filhotes.
Para diferenciar a cobra coral-verdadeira da falsa é preciso se atentar a dois detalhes: os olhos e a barriga.
Conforme Terassini, a coral-verdadeira é da espécie Micrurus lemniscatus e tem hábitos fossoriais, que vive abaixo do solo, e por isso possui olhos muito pequenos, já a falsa (Erythrolamprus aesculapii) tem olhos grandes.
Além disso, o biólogo explica que a coral-verdadeira possui anéis que circundam todo o corpo, já as falsas, geralmente, possuem a barriga branca.
O que fazer caso encontre uma serpente peçonhenta?
Flávio Terassini explica que muitas serpentes são consideradas dóceis e só atacam quando se sentem ameaçadas. Por isso, não se deve, em hipótese alguma, tentar capturar ou pegar nas cobras, já que muitas podem ter veneno e podem picar para se defender. (veja o vídeo no final desta matéria)
Caso apareça alguma cobra em áreas urbanas, é importante que o morador não tente descobrir sozinho se o animal é venenoso ou não. Primeiramente, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Ambiental ou Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) devem ser chamados para fazer o resgate e a soltura em local adequado.
Além disso, alguns cuidados podem ser feitos para diminuir os riscos de aparecimento desses animais em casa:
- manter o quintal limpo;
- gramas aparadas;
- não acumular entulhos e nem colocar as mãos em montes de madeiras e tijolos; e
- não acumular folhas secas.
Em caso de acidente, o que fazer?
Em caso de acidente com a coral ou com outras serpentes peçonhentas, o biólogo explica que é muito importante fazer um registro do animal em foto ou vídeo para que seja possível identificar a espécie e seu soro.
Além disso, o local da picada deve ser lavado com água abundante e sabão, e a procura por atendimento médico deve ser imediata.
“Não faça torniquete, que é amarrar o local da picada, não chupe, não coloque nada em cima. Beba água, lave o local com água e sabão, tire uma foto do animal e vá para o hospital o mais rápido possível”, alertou.
Onde procurar ajuda médica?
O soro antiofídico é o principal medicamento usado para cortar a ação dos venenos das cobras. Sua produção, descoberta no século 19, consiste em injetar uma pequena quantidade de veneno em cavalos ou ovelhas e, em seguida, os anticorpos do animal são coletados do sangue.
O Ministério da Saúde disponibiliza a lista de hospitais em todo o país que realizam atendimento com soroterapia para acidentes com animais peçonhentos.
Veja as principais unidades de Rondônia que disponibilizam o soro:
Porto Velho
Centro de Medicina Tropical
Endereço: Av. Guaporé, 215, bairro Lagoa
Contato: (69) 3219-6012
Vilhena
Hospital Regional Adamastor T. Oliveira
Endereço: Av. Sabino Bezerra de Queiroz, 3000
Contato: (69) 3322-4070
Ji-Paraná
Hospital Municipal de Ji-Paraná
Endereço: Rua Dom Bosco
Contato: (69) 3416-4111
Cacoal
Hospital de Urgência e Emergência Regional de Cacoal
Endereço: Av. Rosilene Xavier Transpadini, 2200, bairro Jardim Eldorado
Contato: (69) 3441- 8623
Ariquemes
Hospital Regional de Ariquemes
Endereço: Av. Tancredo Neves, 1370
Contato: (69) 3535-2635